O Brasil registrou o maior rombo em suas contas externas desde 2015. O déficit visto em transações correntes pelo país foi de 50,762 bilhões de dólares, alta de 22,2% em relação a 2018, segundo dados do Banco Central divulgados nesta segunda-feira, 27. O pior saldo negativo antes disso havia sido registrado em 2015, quando o déficit alcançou 54,472 bilhões de dólares. Na comparação anual, o buraco nas transações correntes passou de 2,20% para 2,76% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pela autoridade monetária.
Segundo o Banco Central, o desempenho das transações correntes em 2019 foi prejudicado pela piora da balança comercial, num ano marcado pela desaceleração da economia na Argentina, pela peste suína que afetou a China e a demanda por soja brasileira, além da dinâmica envolta em incertezas do comércio mundial em meio às tensões protagonizadas por Estados Unidos e China.
Apesar disso, ele seguiu coberto com folga pelos investimentos diretos no país (IDP), que alcançaram 78,559 bilhões de dólares no ano passado. A autoridade monetária projetava um déficit pior em transações correntes, de 51,1 bilhões de dólares em 2019, mas com IDP um pouco melhor, de 80 bilhões de dólares.
O ano passado também foi afetado por ruídos em relação aos números das transações correntes. No início de dezembro, o governo anunciou uma correção para cima no registro das exportações de setembro a novembro, atribuindo a uma falha humana uma subnotificação de 6,488 bilhões de dólares que havia ajudado a piorar o resultado da balança comercial brasileira divulgado originalmente.
Ao fim, o superávit da balança comercial encerrou 2019 em 39,404 bilhões de dólares, recuo de 25,7% sobre 2018, diante de uma queda de 6,3% nas exportações e diminuição de 0,8% nas importações.
Em dezembro último, o saldo deficitário em transações correntes foi de 5,691 bilhões de dólares, abaixo das estimativas do Banco Central, que eram em torno de 6 bilhões de dólares. Já o IDP para o mês somou 9,434 bilhões de dólares, avanço de 13,7% em relação a dezembro de 2018.