A gasolina brasileira bateu um novo recorde, e não há nada o que comemorar nisso. Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do combustível chegou a 7,27 reais no país na semana entre 17 e 23 de abril — o maior patamar desde que o órgão começou a divulgar o levantamento semanal de preços, em 2004. Os valores encontrados em 5.235 postos pesquisados em todo o país variaram entre 6,19 reais a 8,59 reais. Com isso, para encher um tanque de 40 litros, o brasileiro gasta em média 290 reais, quase 24% do salário-mínimo vigente no país.
O valor do combustível subiu 0,7% em relação ao período anterior, de 10 a 16 de abril, quando ficou em 7,219 reais. Essa foi a segunda alta semanal consecutiva. O recorde anterior do preço médio da gasolina era de 7,267 reais, registrado entre 13 a 19 de março, logo após a Petrobras aumentar os preços da gasolina, diesel e GLP para as distribuidoras – motivo pelo qual o presidente Jair Bolsonaro demitiu o general Joaquim Silva e Luna do comando da estatal e trocou o comando da companhia.
A disparada do preço da gasolina ocorre em meio à forte alta dos preços do petróleo no mercado internacional, após a invasão da Rússia à Ucrânia. Como o país de Vladimir Putin é um dos principais exportadores de petróleo, a ofensiva mexeu com o preço do produto de maneira global, e afeta frontalmente as economias. Os preços no mercado internacional são importantes porque fazem parte da política adotada pela Petrobras, que leva em consideração a cotação do barril de petróleo e do dólar para precificar o combustível nas refinarias – e consequentemente nas bombas.
Segundo a agência, o preço do etanol também subiu em relação à semana anterior, e chegou à média de 5,496 reais o litro em todo o país. O preço mínimo registrado na semana para o etanol em um posto foi de 4,479 o litro, em São Paulo, e o máximo, de 7,699 o litro, em um posto do Rio Grande do Sul.
A alta dos combustíveis tem se mostrado a grande vilã na disparada dos preços no país. A prévia da inflação oficial, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE, ficou em 1,73% em abril —maior variação para o mês desde 1995. O setor de transportes foi o que mais pesou no resultado, com alta de 3,43% em relação ao mês anterior.