Começou nesta sexta-feira, 6, a Semana do Brasil, medida do governo Bolsonaro que cria uma nova data de promoções no comércio, com o objetivo de estimular o consumo num período em que não há datas com esse apelo. Os preços baixos vão durar até o dia 15. Para especialistas do setor, entretanto, o curto espaço de tempo com que a pauta foi implementada deve atrapalhar o desempenho em seu ano de estreia. Mas, segundo eles, a data tem potencial para evoluir nos próximos anos.
Normalmente, as estratégias para datas promocionais deste porte são preparadas com meses de antecedentes pelos varejistas. Apesar de gostar da ideia para a Semana do Brasil, José César da Costa, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), admite que “não teve tempo suficiente para o varejo se organizar.” O lançamento foi em agosto.
Ainda mais afetadas foram as empresas que não sabiam da existência do evento até a divulgação oficial, na semana passada. Em nota publicada logo após o anúncio do governo, a Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos), que presenta pequenos e médios negócios, informou não ter sido chamada para as tratativas sobre a data.
Para os especialistas, na teoria, a ideia do governo é boa. A data começa no dia 6 de setembro, quando o salário da maioria da população acabou de cair na conta. Outro fator, é que a partir do dia 13, milhões de pessoas terão direito a sacar até 500 reais por conta do Fundo Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) — correntistas da Caixa Econômica Federal nascidos entre janeiro e abril serão os primeiros a receber. Com mais dinheiro, a tendência é que tenham mais gastos. Além disso, a Semana do Brasil poderia alavancar setembro para os comerciantes, mês considerado fraco para as vendas.
Porém, na prática, a situação não deve ser tão boa assim, já que o tempo para uma data se firmar no calendário varejista também afeta negativamente. “A Black Friday precisou de uns quatro anos até que realmente se consolidasse”, afirma Guilherme Dietze, assessor econômico da FecomercioSP.
Para os especialistas, alguns ajustes ainda seriam necessários, como a definição da duração — sete dias é considerado muito tempo para alguns comerciantes —, mas a expectativa é boa para os próximos anos. “A semana tem potencial para se firmar no calendário brasileiro”, diz Dietze. Segundo o governo, mais de 4.000 empresas e entidades aderiram à semana. No site brasil.gov.br/semanadobrasil/participantes/ é possível verificar as lojas e empresas participantes.
Cuidados na hora da compra
O Procon-SP, vinculado à Secretaria da Justiça e Cidadania, orienta sobre os cuidados ao comprar nas promoções da Semana do Brasil. Segundo o órgão, o consumidor deve estar atento para garantir compras realmente vantajosas. “É importante fazer uma pesquisa de preços por meio de aplicativos e sites de comparação de preços. Observar o prazo de entrega e informar-se antecipadamente sobre a política de troca da empresa são atitudes que ajudam a evitar problemas. É bom não clicar em links e ofertas recebidas por e-mail ou redes sociais”, de acordo com o Procon.