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Por que as ações da Minerva voltaram a despertar interesse do investidor

Mudança de base acionária, expansão da operação para a Austrália, e o crescente volume de exportações de carne estão gerando boas expectativas

Por Luana Zanobia Atualizado em 19 jan 2022, 17h44 - Publicado em 19 jan 2022, 14h30
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  • Apesar de ser uma forte geradora de caixa, a Minerva, maior exportadora de carnes na América do Sul, observou um desconto excessivo em seus papéis ao longo de 2021. A companhia não estava satisfeita com a precificação do mercado e chegou até mesmo a estudar um possível fechamento de capital da empresa por considerar que o preço das ações não refletia o valor da companhia. Descartada essa possibilidade, a empresa agora está empenhada em se expandir, e os novos planos são bastante animadores para os investidores.

    Recentemente, as notícias de que a Minerva estuda mudar sua base acionária para outro país, possivelmente para a Nasdaq nos Estados Unidos, fez seus papéis encerrarem a sexta-feira, 14, com alta de 1,68%, cotada a 10,27 reais na bolsa brasileira, a B3. Um dia antes, já com os rumores no radar, as ações encerraram com alta ainda maior, de 3,06%.

    Segundo Felipe Leão, chefe de renda variável da Valor Investimentos, o movimento sinaliza uma busca de reprecificação nos papéis e no valor da empresa. Hoje, a empresa possui um valor de mercado de 6,12 bilhões de reais e as ações negociam a patamares de 10 reais, com ligeiras oscilações para cima ou para baixo. Mas, as recentes movimentações de listagem nos Estados Unidos e a compra de importantes frigoríficos na Austrália, fizeram algumas casas de análise a elevar o preço-alvo, variando de 12 reais a 14 reais para este e o próximo ano, uma valorização de até 40% nos papéis.

    Caso as ações da empresa sejam negociadas nos Estados Unidos, os analistas entrevistados por VEJA analisam uma tendência de melhoria no múltiplo EV/Ebitda, indicador que mede a capacidade da empresa gerar lucro. A Genial Investimentos calcula que o múltiplo EV/Ebitda seja avaliado em 5,3 vezes. Atualmente, o múltiplo é de 4,9 vezes. Quanto maior a fração, mais cara e valorizada é a empresa. “A Minerva é um grande negócio para os investidores por ser uma gigante da América do Sul, mas esse passo leva a marca a uma exposição internacional, beneficiando ainda mais a empresa na comparação com os players internacionais”, diz Leão.

    Embora o frigorífico tenha começado a se movimentar recentemente, mais de 70% da receita já é dolarizada. Metade dela é originada da divisão Athena Foods, com operações na América do Sul. A empresa é dividida em duas unidades de negócio: divisão Brasil e Athena Foods, e possui 25 plantas para abate de bovinos, 10 no Brasil e as demais distribuídas no Paraguai, Uruguai, Argentina, Colômbia e Chile. “Uma listagem fora seria um símbolo de reconhecimento por isso, além de atrair e dar acesso a mais investidores”, diz Adriano Castro, analista do setor de alimentos da Genial Investimentos, em relatório.

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    Além da migração da base acionária, a aquisição dos frigoríficos australianos Sharke Lake e Great Eastern Abattoir por 35 milhões de dólares, cerca de 195 milhões de reais, também faz aumentar as expectativas na empresa. Segundo a Genial, o movimento indica os primeiros passos do frigorífico na Austrália, um ponto logisticamente estratégico por conta da sua proximidade à Ásia e um mercado crescente. “A expectativa é de que a Minerva siga buscando oportunidades de expansão em novos mercados, diversificando sua receita tanto em termos de produtos quanto geograficamente”, avalia Castro, em relatório.

    O cenário de exportações também tende a impulsionar a Minerva. Mesmo com o embargo da China – principal importador de carne do Brasil – as exportações atingiram um faturamento de 9,14 bilhões de dólares, cerca de 50 bilhões de reais em 2021, um aumento de 8% em relação ao ano passado, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). A expectativa para 2022 é de um faturamento maior, de 10 bilhões de dólares, cerca de 56 bilhões de reais. “Os preços devem continuar favoráveis, a China já retirou o embargo e retomou o comércio com o Brasil e o ciclo do gado no Brasil deve começar a melhorar ao longo do ano”, diz Castro, em relatório.

    Mesmo com um ciclo negativo do gado no Brasil, a Minerva ainda conseguiu reportar bons resultados. No terceiro trimestre de 2021, a empresa divulgou lucro de 72,4 milhões de reais, alta de 24% em relação ao mesmo período de 2020. Segundo a Genial, os bons resultados estão amparados no fato de a Minerva ser o único frigorífico cujo maior foco é a exportação, ter alta exposição ao dólar e ter diversificação geográfica na América do Sul – com acesso a gado mais barato. “Nossa aposta na demanda asiática como o principal estimulador para o setor dará continuidade ao alto desempenho da empresa. Além disso, com o decorrer do tempo, esperamos ver uma melhoria no ciclo de bovinos no Brasil, o que deve reduzir os preços do boi e contribuir para margens melhores na operação doméstica”, avalia a Genial.

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