A Polícia Federal indiciou os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo J&F, por manipulação de mercado e uso indevido de informação privilegiada. Os empresários estão presos na sede da PF, em São Paulo.
Os irmãos são suspeitos de lucrar no mercado financeiro com a compra e venda de ações e dólares, afetados pela divulgação do conteúdo da delação premiada.
Ambos foram alvos da Operação Tendão de Aquiles na semana passada, acusados de se aproveitarem da divulgação iminente de seus acordos de delação premiada para lucrarem no mercado financeiro e tiveram suas prisões decretadas pela Justiça.
Segundo a Procuradoria, os irmãos controladores do grupo J&F autorizaram a compra milionária de dólares e posterior recompra de ações do grupo em um conjunto de operações realizadas dias antes da homologação da delação, caracterizando o crime de insider trading, investigado pela PF e pelo MPF.
Segundo as investigações, as operações financeiras realizadas pelo grupo foram extremamente atípicas. Além da aquisição de contratos futuros de dólar e contratos a termo de dólar, a FB Participações vendeu 200 milhões de ações da JBS, que estavam em alta, alguns dias antes da divulgação da celebração do acordo.
“O valor das operações, somente com os dólares, foi de quase 3 bilhões de dólares, e causou um lucro aos irmãos Batista de 100 milhões de dólares, sendo esta praticamente a mesma quantia da multa prevista na delação no processo criminal (110 milhões de dólares”, afirma a Procuradoria.
A operação no mercado, segundo a PF, foi uma manipulação por parte da JBS, “fazendo com que seus acionistas absorvessem parte do prejuízo decorrente da baixa das ações que, de outra maneira, somente a FB Participações, uma empresa de capital fechado, teria sofrido sozinha”.
O relatório da PF com o indiciamento de Joesley e Wesley Batista será agora encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF) a quem caberá decidir se oferece denúncia contra ambos à Justiça.
Insider trading
A lei que regula o mercado de capitais no Brasil proíbe pessoas com acesso a informações relevantes e ainda não divulgadas de se aproveitarem delas para fazer negócios. Entre informações que podem ser consideradas privilegiadas estão dados sobre mudanças no quadro societário de empresas, números sobre lucro ou prejuízo. Esse tipo de informação deve ser comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado, e divulgado em veículos de grande circulação, como jornais.
Procurados, representantes da JBS e J&F não se manifestaram sobre o indiciamento dos irmãos Batista.
(Com Reuters)