Um Brasil próspero. Essa é a mensagem que o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer entregar para líderes, chefes de Estado e empresários presentes no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que começa nesta terça-feira, 21, e vai até sexta-feira. Principal representante do governo brasileiro no local, Guedes deve se empenhar para atrair capital externo para financiar projetos, sobretudo, para indústria e infraestrutura no país.
A tarefa não é a das mais simples. Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro decepcionou no evento ao realizar um discurso sucinto, de apenas seis minutos. Desta vez, as apresentações do ministro se concentrarão na redução do déficit fiscal e no avanço das reformas estruturais. “Guedes irá insistir na estratégia que já vem adotando, que consiste em descolar a agenda econômica do governo da política”, diz Sillas de Souza Cezar, professor de Economia da FAAP.
O ministro participará de três painéis de discussão. Dentre os temas que serão debatidos por ele, estão as perspectivas para a América Latina e a predominância do dólar na economia mundial. Em sua retórica, Guedes pode se vangloriar de alguns avanços no primeiro ano de governo: aprovação da reforma da Previdência; redução residual do nível de desemprego; aquecimento dos indicadores de consumo e queda expressiva da taxa de juros sem pressão inflacionária.
Outro trunfo que Guedes usará para angariar investimentos é a bem-encaminhada inserção do país na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “A ida do ministro é para vender o Brasil”, afirma Pedro Galdi, analista da corretora Mirae Asset. “Ele vai apresentar as mudanças que estão ocorrendo, as próximas reformas e buscar atrair investidores para avançar na agenda de privatizações do governo”, complementa.
Antes de ir para a Suíça, Guedes participou de reunião na Mont Pelerin Society, na Universidade de Stanford, na Califórnia. A entidade é tida como um dos principais centros de pensamento de ideias liberais. Após a passagem pelo Fórum Econômico, o ministro embarcará para Nova Délhi, capital da Índia, onde se encontrará com o presidente Jair Bolsonaro, que visitará o país asiático entre os dias 24 e 27.
Entraves
A despeito do crescente interesse estrangeiro na economia brasileira, o recente discurso do ex-secretário da Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, em que parafraseia Joseph Goebbels (1897-1945), ministro da Alemanha nazista, deve trazer certo receio por parte dos empresários em Davos. Para Souza Cezar, deve-se ter em mente que parte importante dos banqueiros mundiais são de origem judaica e que nem sempre a retórica é suficiente para diminuir as desconfianças. “A pronta demissão do secretário da Cultura será citada como argumento pacificador para esse público”, afirma.
Além disso, Guedes terá a missão de “limpar” a barra do governo com defensores do ambiente mundo afora. Recentemente, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, admitiu que o governo precisa ser mais atuante em defesa da Amazônia. “Não há qualquer ação pública digna de destaque para ser usada como argumento de que o governo estaria comprometido com a preservação do ambiente”, diz o professor.