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Para especialistas, reforma não resolve situação fiscal do país

O atraso na reforma foi motivo para rebaixamento do Brasil pela S&P, mas nem uma improvável aprovação neste ano impacta no curto prazo

Por Felipe Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 jan 2018, 14h24 - Publicado em 12 jan 2018, 11h05
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  • Mesmo com uma eventual reforma da Previdência aprovada neste ano, as contas públicas devem continuar em situação difícil no curto prazo, segundo especialistas ouvidos por VEJA. O adiamento de mudanças nas aposentadorias foi o principal motivo apontado pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s para rebaixar a nota do Brasil na quinta-feira.

    O economista do Banco Votorantim, Carlos Lopes, considera que a mudança de nota brasileira – que passou de BB para BB- já era esperada pelo mercado. E haverá dificuldades em cumprir as metas fiscais nos próximos anos por causa do aumento dos gastos obrigatórios, causados, em grande parte, por causa de problemas no sistema previdenciário. “Mesmo com a reforma da Previdência, não se consegue conter esse aumento em 2019. É uma mudança que leva tempo, tem regra de transição”, disse.

    Segundo Gesner Oliveira, da GO Associados, o rebaixamento, apesar de negativo, ajuda na percepção da situação fiscal ruim por parte dos parlamentares. O ex-secretário do Ministério da Fazenda disse que é natural que haja diferença de interpretações entre os técnicos em contas públicas e deputados e senadores, mas que o rebaixamento mostra que o problema na Previdência “não é uma invenção de tecnocratas da Fazenda”.

    O déficit aprovado pelo Congresso para este ano é de 157 bilhões de reais. A meta estabelecida para 2017 era de rombo 159 bilhões, mas o resultado do último ano ainda não foi divulgado. A última previsão de analistas do mercado consultados pelo Prisma Fiscal, divulgado na última quinta, é de que o resultado tenha sido de déficit de 154 bilhões de reais.

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    Para Oliveira, a aprovação da reforma neste ano não traria melhora na situação fiscal de 2018, mas serviria de sinalização. E o momento econômico mais tranquilo, com retomada do crescimento, juros baixos e inflação baixa, por exemplo, é oportuno para fazer ajustes. “É melhor do que quando se estava fazendo demissões em massa”, compara.

    O  estrategista-chefe da corretora XP Investimentos, Celson Plácido, considera que o governo e a Câmara estão empurrando um para o outro a responsabilidade no atraso da reforma da Previdência,  e que será difícil aprová-la em ano eleitoral. “A gente sabe que o adiamento na Câmara gerou a necessidade de ajuste fiscal,  Esse é o maior problema para o rebaixamento, porque aumenta o endividamento [do país]”. Segundo ele, a redução da nota deve ter impacto pequeno, por causa da expectativa de que aconteceria.

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