Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O que muda na renda fixa com a alta da taxa Selic

Mesmo com alta inflação, Banco Central opta por política monetária estimulativa e a poupança e o CDI ficam longe de uma rentabilidade interessante

Por Luisa Purchio Atualizado em 7 Maio 2021, 02h25 - Publicado em 6 Maio 2021, 12h56

Quando a Selic atingiu os 2% ao ano, em 2020, os investidores tiveram motivos de sobra para sair da poupança e do CDI para buscar ativos mais arriscados, porém mais rentáveis. Desde o ano passado, o Comitê de Política Monetária veio informando em seus comunicados que, caso as reformas não avançassem no país de forma à equilibrar as contas públicas, os estímulos monetários teriam de diminuir e o Copom teria de aumentar gradualmente a Selic. E, em março de  2021, isso começou a acontecer. Porém, as duas altas ocorridas até agora — a última  na quarta-feira, 5 — que levaram a Selic ao patamar de 3,50% ao ano não devem provocar uma corrida desenfreada aos investimentos de renda fixa, porque a rentabilidade continua sem atratividade.

Ainda que a Selic já tenha aumentado 1,50 ponto percentual desde o começo do ano e tenha perspectivas de crescer, segundo o comunicado do Copom, investimentos em renda fixa impactados diretamente pela Selic, como poupança e CDI, possuem rentabilidades pouco interessantes quando considerada a inflação. Com a Selic a 3,50% ao ano, a rentabilidade da poupança passou a ser de 0,20% ao mês e de 2,45% ao ano, porém, a inflação acumulada em 12 meses em 6,17% anula todos esses ganhos.

“Todo o investimento de um ano é corroído pela inflação e tanto a poupança quanto o CDI teriam retornos negativos”, diz Gustavo Sung, economista sênior da Suno Research. O Banco Central calcula que a taxa de juros neutra, ou seja, que equilibra os rendimentos com a inflação de forma a não estimular e nem aquecer a economia está em torno de 6,5%. Ou seja: em tese, só passa a valer a pena investir em poupança e CDI se a Selic estivesse a partir de 6,5% ao ano, o que está longe de acontecer.

Tanto no Brasil quanto no mundo, os bancos centrais estão optando por políticas monetárias estimulativas com uma certa tolerância à inflação em benefício do crescimento econômico. “O Federal Reserve tem sido muito vocal nisso e no Brasil deveria ser assim. Mesmo que a inflação suba, não acho que o juro real vai ficar muito alto no pós fixado”, diz Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus. “Estamos mudando um pouco a dinâmica global, vindo de um mundo que foi de inflação muito baixa, baixo crescimento e baixa taxa de juros para um mundo que cresce mais e com mais inflação”, diz ele.

Mesmo que a atual Selic prejudique os investimentos como poupança e CDI, Miranda chama a atenção para alguns investimentos em renda fixa como os títulos Nota do Tesouro Nacional-Série B (NTN-B), pós-fixados cujas rentabilidades variam conforme o IPCA, e as debêntures incentivadas da Vale. “Não tenho dúvida que há uma vasta gama de oportunidades na renda fixa”, diz ele.

Vale lembrar que, mesmo com a poupança tendo rendimentos negativos contabilizando a inflação, esta alternativa é importante para reserva de emergência com liquidez imediata. O tamanho dessa reserva ideal varia conforme o patrimônio da pessoa e a aversão ao risco e é recomendada por de 3 a 12 meses dos gastos pessoais mensais. “Para pessoas mais arrojadas e dispostas a risco, o ideal é três meses de reserva. Já quem está em processo de construção de patrimônio mais avesso ao risco são 12 meses”, diz ele.

Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora, em linha com praticamente 99% do mercado, concorda que a alta da Selic não mudou nada a tese de investimento uma vez que o próprio mercado já esperava que ela subirá para entre 5% e 6% ao ano até o final de 2021, portanto, já havia precificado esta alta. Porém, para diversificação da carteira, algumas novas oportunidades podem surgir. “CRIs [Certificado de Recebíveis Imobiliários] e CRAs [Certificado de Recebíveis do Agronegócio] que trazem retorno de 4% ou 4,5% ao ano mais o CDI podem ser interessantes, mas não considerando 2021. Considerando 2022 porque esses ativos não tem vencimento curto, mas uma perspectiva de que o dinheiro vai ficar preso por cerca de um a cinco anos. Eles têm oportunidades melhores porque são isentos para Imposto de Renda”, diz Indech.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.