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Copom eleva Selic pela segunda vez seguida e taxa chega a 3,5% ao ano

Decisão vem em linha com mercado e último comunicado do Comitê, que apontou reajuste de 0,75 ponto percentual devido a continuidade da pressão inflacionária

Por Luisa Purchio
Atualizado em 5 Maio 2021, 20h47 - Publicado em 5 Maio 2021, 18h38

O Comitê de Política Monetária (Copom) comunicou, no final da tarde desta quarta-feira, 5, o aumento de 0,75 ponto percentual na Selic, para 3,5% ao ano. O ajuste da taxa básica de juros da economia veio em linha à expectativa do mercado, que estimou suas projeções conforme o último comunicado do comitê, em março.

“O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2022. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de estabilização de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, afirma o colegiado na decisão.

Chama atenção que, pela primeira vez, o Banco Central colocou uma indicação formal do seu objetivo, em linha com a sua autonomia recém instituída. “O foco maior do Banco Central é a inflação e a estabilização de preços, mas agora ele incorporou outro objetivo que é olhar a atividade econômica. Isso pode gerar ruído no mercado, que pode interpretar que o Banco Central tem outros objetivos além de controlar a inflação. Porém, acredito que esta afirmação foi feita pela instituição apenas por questões de formalidade”, diz Silvio Campos Neto, economista e sócio da consultoria Tendências.

Além disso, o Comitê indicou que deverá continuar com os ajustes, no processo de “normalização parcial” do grau de estímulos. O indício é de uma elevação na mesma magnitude, ou seja de 0,75 ponto percentual na próxima reunião, que acontece em junho. Porém, ele ressaltou que “não há compromisso com essa posição e que os passos futuros da política monetária” e que essa visão “continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.”

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Essa sinalização era altamente esperada pelo mercado, uma vez que, em março, o Banco Central comunicou que havia dado início a esse processo de normalização do “grau extraordinário do estímulo monetário” com o objetivo de equilibrar a probabilidade de cumprimento da meta de inflação neste e dos próximos anos. Desde a gestão de Ilan Goldfajn, que foi presidente do Banco Central entre 2016 e 2019, o Copom segue o padrão de sinalizar os rumos da próxima decisão

No último comunicado, o Copom afirmou que continuaria com o processo de normalização do estímulo monetário “com outro ajuste da mesma magnitude” caso não houvesse “mudança significativa nas projeções de inflação ou no balanço de riscos”. Desde então, porém, não aconteceram avanços significativos em ambas as áreas. 

“Conseguimos ver pela curva de juros do Brasil que a inflação piorou. Temos persistente desvalorização da taxa de câmbio e encarecimento de insumos devido a um descompasso entre a oferta e a demanda”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. “Além disso, não estamos conseguindo fazer as reformas necessárias e, mesmo tendo aprovado o Orçamento, em termos de gerenciamento das contas públicas, nada mudou e o risco continua o mesmo”, diz ela.

Além de as reformas administrativas e tributárias não terem avançado conforme o esperado, Propostas de Emenda à Constituição (PECs) que auxiliam no ajuste fiscal caminham a passos lentos. O Orçamento aprovado para 2021, por sua vez, ficou aquém da expectativa dos economistas e do mercado e atualmente analistas projetam a dívida pública próxima em 95% do PIB.

As projeções da inflação feitas pelo mercado e indicadas no Boletim Focus vem aumentando a cada semana, seguindo uma expectativa de que a Selic vai aumentar ainda mais até o final do ano. Na última segunda-feira, 3, a mediana do IPCA projetada pelo mercado foi de inflação de 5,04% ao ano, para 2021, e de 3,61% a.a., para 2022. Essas projeções são acima das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional, de 3,75%, para 2021, e de 3,50%, em 2022.

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