Investir na Bolsa de Valores ainda é um mistério para a maioria dos brasileiros. Pesquisa realizada em 2016 pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que apenas 0,4% dos entrevistados investiam o dinheiro em ações.
Como a Bolsa vem batendo sucessivos recordes de valorização, muita gente está pensando em se aventurar no mercado acionário. O principal índice de ações da bolsa brasileira, o Ibovespa, acumula um ganho de mais de 27% no ano. Na comparação com setembro de 2016, a alta é de 29,79%. Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em alta de 1,47%, a 75.756 pontos, renovando máxima histórica de fechamento.
Especialistas ouvidos por VEJA ensinam o passo-a-passo para quem pretende começar a lucrar com a compra e venda de ações. A primeira coisa é saber a tolerância do investidor a riscos e o prazo que pode esperar para lucrar. Pessoas que se desesperam com uma desvalorização abrupta do capital da noite para o dia devem reavaliar com cuidado essa opção de investimento.
Operacionalmente, é fácil começar a aplicar em ações. É necessário apenas ter uma conta no banco e em uma corretora. Contudo, para se dar bem, é necessário conhecimento, estudo e cautela.
“Quando compro uma ação, eu compro o risco de uma empresa, que pode tanto crescer como diminuir. Você aposta no crescimento dela, mas pode acontecer algo no meio do caminho e a companhia perder mercado”, diz Renato Roizenblit, planejador financeiro certificado pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores).
Há cursos disponíveis para que o investidor se capacite antes de entrar na Bolsa. “Você aprende a analisar balanços e ações, conhece mais sobre as tendências do mercado, os contratos, os fornecedores e aprende a usar ferramentas”, afirma o educador financeiro Reinaldo Domingos, do canal do Youtube Dinheiro à Vista.
Para pessoas leigas no assunto, a recomendação é contar com o apoio de uma corretora. “Ela pode te indicar várias coisas, como o percentual da sua carteira e quanto de ações você pode ter. Vai identificar o seu perfil de investidor”, diz Cássio Guimarães, head de Private Banking do Banco Fator.
A valorização verificada neste ano, segundo Domingos, foi puxada pelo ambiente de queda de juros. “A Selic caiu, e deve continuar caindo nos próximos meses. Essa cenário traz a possibilidade de investidores buscarem investimentos na área produtiva. As empresas terão mais capital para investir e se desenvolver. Pequenos investidores devem querer migrar para a Bolsa para ganhar um pouco mais.”
Abaixo, um passo-a-passo para começar a investir.
O QUE É A BOLSA DE VALORES?
A Bolsa de Valores é um balcão de negócios online onde é possível negociar ações de empresas de capital aberto (público, misto ou privado) e contratos financeiros. O principal mercado de negociações no Brasil é a B3, resultado da combinação da BM&F, Bovespa e Cetip. Por meio da Bolsa, a empresa pode vender ações em troca de capital. As operações são feitas pela internet. Para comprar uma ação é possível também ligar para um operador na Bolsa.
O QUE SÃO AÇÕES?
Ações são pequenas partes do capital de uma empresa. “Quando o investidor compra uma ação, ele se torna sócio dessa companhia e vai participar dos resultados dessa empresa. A distribuição da verba é proporcional à quantidade de ações que o investidor tem”, diz Roizenblit. Assim, quanto mais ações você tiver, maior será a sua parcela nos lucros.
FORMAS DE INVESTIMENTOS
Há, basicamente, quatro tipos de investimentos. Compra de ações é aquela em que o investidor escolhe as ações que deseja; fundos de investimentos são compras de cotas de um fundo de ações, que é administrado por uma corretora ou um banco; clubes de investimentos são grupos de pessoas que investem juntos; ETFs são fundos de índices que refletem a performance de um determinado índice de referência de um setor do mercado;
RISCOS
“Quais são os riscos de entrar na Bolsa de Valores? 100%. É uma situação de muita vulnerabilidade”, afirma Domingos. “O risco maior é o que chamamos de volatilidade. Você pode comprar uma ação na alta e vender na baixa. Tem chance de ganhar muito dinheiro, mas também de perder muito. É o mercado que vai ditar os preços”, diz Guimarães. Diversificar as ações é um dos segredos para se correr menos risco.
HÁ VALOR MÍNIMO PARA INVESTIR NA BOLSA?
Não. O valor, de acordo com os especialistas, é relativo. Depende de quanto o investidor tem e de quanto está disposto a colocar na Bolsa. Domingos, porém, dá uma dica. “Como se trata de um investimento de risco, é importante que não concentre mais do que 20% de seu patrimônio liquido. Se tem 10 mil reais, não coloque mais de 2 mil reais”, diz.
BANCO E CORRETORA
Para começar a investir, é preciso ter uma conta em um banco e em uma corretora, que trabalha como um agente intermediário da transação do dinheiro para a compra de ações. Se não quiser uma corretora independente, é necessário abrir uma conta na corretora do próprio banco.
HOME BROKER
Assim que tiver as contas no banco e na corretora, você pode começar a investir na Bolsa por conta própria por meio do home broker, que é um sistema online criado para o investidor comprar e vender ações e outros ativos financeiros pela internet. Nesta ferramenta é possível ver as cotações das ações, gráficos, ordens de compra e venda de ações, etc. “No home broker você é o seu próprio corretor. E tem gente que se dá muito mal. É preciso saber operar e acompanhar o mercado”, afirma Domingos.
TAXAS
Há três tipos de taxas. A taxa de corretagem é o valor cobrado pelas corretoras para o acesso ao mercado. A taxa de custódia, por sua vez, é o valor cobrado pela guarda das ações pela Bolsa e pelos serviços oferecidos pela corretora. Há, também, o imposto de renda, que é de 15% sobre os ganhos com ações. Estão isentos do pagamento de imposto a pessoa física com ganho líquido menor ou igual a 20 mil reais por mês.