Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Luciano Hang: ‘Não me vejo investindo no Brasil se Lula voltar’

Em entrevista a VEJA, dono da Havan diz que empresários e banqueiros que assinam carta da Fiesp são 'hipócritas' e que 'repensará vida' se Bolsonaro perder

Por Felipe Mendes Atualizado em 15 ago 2022, 08h58 - Publicado em 14 ago 2022, 13h22
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Fiel escudeiro do presidente Jair Bolsonaro, o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas de departamentos Havan, disse em entrevista a VEJA que pode parar de investir no país caso o atual chefe do Executivo perca nas urnas para seu principal oponente: o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, o manifesto de apoio à democracia realizado por instituições como a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e a Universidade de São Paulo (USP) são movimentos de apoio a Lula. “Trata-se, na realidade, de uma minoria assinando uma carta hipócrita em favor de uma democracia que dá respaldo para uma esquerda que é a favor da ditadura e não da democracia”, afirma Hang. Assumindo um papel de ativista político, o empresário deu a entender que pode seguir o exemplo de empreendedores cubanos e venezuelanos que venderam seus negócios e saíram de seus países após a ascensão da esquerda. “Vou repensar a minha vida se uma desgraça dessa acontecer.”

    O senhor se posicionou de forma crítica em relação à carta pela democracia defendida pela Fiesp e pela USP. Por quê? Trata-se de um movimento político em prol do Lula. A esquerda assinar a carta da democracia é igual a Suzane Von Richthofen festejar o Dia dos Pais. A esquerda é hipócrita, cara de pau. Quando ela esteve no poder aqui no Brasil, durante esses 14 anos, o Lula foi visitar e apoiou todos os ditadores do mundo, não só da América Latina. A esquerda latino-americana está no poder de Cuba desde 1959 e é responsável pela quebra da Venezuela. Além disso, a esquerda sempre está do lado errado. Eu participei esta semana do Caixa Para Elas e ouvi relatos de mulheres estupradas, e a esquerda sempre está do lado do estuprador, do bandido. E agora vai assinar uma carta para a democracia? Quem assinou junto está do lado do Lula e do PT.

    Mas a carta faz parte de um movimento suprapartidário e conta com apoio de banqueiros, economistas e empresários. São pessoas hipócritas, que sempre estiveram no poder e que, hoje, são coadjuvantes. A maioria dos empresários que assinou é contra o presidente Bolsonaro porque perdeu o poder. Ter dinheiro não significa ser importante. Importante é estar lutando pelo Brasil, pelo interesse de todos, para que todos tenham as mesmas condições de ter uma empresa, de ter um banco… Não é querer ter monopólio perante os outros. Na Fiesp, por exemplo, só 15% assinaram. Quer dizer que os outros 85% que não assinaram são a favor do Bolsonaro? Eles não assinaram porque não estavam de acordo. Aliás, eu estava em São Paulo e falei com várias pessoas que fazem parte da Fiesp, que estão ‘putos da vida’ com o presidente da Fiesp, por ele ter forçado alguns a assinar essa carta.

    É uma acusação grave. Houve esse tipo de coação mesmo? Houve. Estou te falando… Eu estive em São Paulo na última segunda-feira e o que mais escutei foi de pessoas da Fiesp que são contra a carta. Trata-se, na realidade, de uma minoria assinando uma carta hipócrita em favor de uma democracia que dá respaldo para uma esquerda que é a favor da ditadura e não da democracia. Esses que assinaram a carta são os que viveram a vida toda agarrados nas “tetas do governo”.

    O senhor tem aparecido mais ao lado do presidente Bolsonaro, participando de diversos eventos. Como vai ser a sua atuação nessas eleições, já que em 2018 o senhor foi um cabo-eleitoral importante para ele? Olha, eu, antes de tudo, não me considero um empresário, eu sou um cidadão brasileiro, que defende a liberdade de pensamento e de expressão da população. Em 2018, tornei-me um ativista político levando bandeiras como a redução da máquina pública, um Estado mais enxuto, liberdade econômica, no sentido de um Brasil feito para todos, sem monopólios. É isso que eu quero. Eu sou um brasileiro patriota, que quer continuar morando no Brasil. Eu não quero ter que sair do Brasil, como aconteceu com empresários argentinos, cubanos e venezuelanos em seus países. Eu quero lutar pelo país. Por isso, talvez eu tenha uma atuação nessas eleições igual a que eu tive nas últimas e nesses quatro anos do governo Bolsonaro.

    Continua após a publicidade

    Este ano, a Havan abriu apenas cinco lojas, um número muito inferior em relação à média dos últimos anos. Isso tem a ver com as eleições? A Havan está programada para abrir vinte lojas por ano. Mas, com o advento da pandemia, nós reduzimos esse número. Em 2020, foram 10 aberturas. Em 2021, a gente abriu 15 lojas. Mesmo com a pandemia, nós continuamos crescendo. Este ano, a gente já cresceu 25% no primeiro semestre. Mas o que mais me assusta hoje não é a pandemia, não é a inflação, não é a crise mundial. O que mais me assusta é a política. Nós vamos parar. A última loja que a gente vai abrir agora será em Natal, em setembro. Temos mais de 60 projetos aprovados, mas nós não vamos investir em um país que a gente não sabe para onde vai. Lamentavelmente, todos os empresários brasileiros estão esperando as eleições de outubro para ver se aceleram, se freiam ou se dão ré.

    E se, porventura, o candidato do PT vencer as eleições, como isso vai afetar os negócios da Havan? Tenho certeza de que nós vamos vencer. O Brasil vai vencer. Os brasileiros vão vencer. Eu estou notando nas ruas o crescimento exponencial do presidente. As pessoas estão botando a cabeça para pensar. Tenho certeza de que o brasileiro não quer que o país vá em direção ao que é hoje a Argentina, a Venezuela ou Cuba. Não queremos um país bolivariano aqui. Mas [se Lula vencer], eu vou repensar a minha vida se uma desgraça dessa acontecer.

    Como assim? Eu estou trabalhando há 36 anos para os outros. A gente investe em torno de 1 bilhão de reais por ano, abrindo lojas, gerando empregos, nós temos hoje em torno de 22 mil colaboradores, 174 lojas…  Mas eu vou repensar a minha vida, como fizeram os empresários venezuelanos e argentinos que quando viram que o barco estava afundando, pararam seus negócios, venderam e foram embora. Eu não quero sair do meu Brasil, quero continuar investindo, gerando emprego, mas vou repensar a minha vida se uma desgraça dessa acontecer. Eu não me vejo mais investindo no Brasil se a esquerda voltar. Sei que se a esquerda voltar não sairá mais do poder, como aconteceu em outros países.

    Mas a alternância do poder é um preceito da democracia, certo? O impeachment da Dilma só aconteceu por um acidente. Se isso não tivesse acontecido, a Dilma teria acabado os quatro anos dela e outro petista teria tomado o poder. Então, nenhum empresário vai investir num país se não tiver confiança. Há 20 anos, eu estava em uma feira de negócios em Orlando e o que mais via era empresários venezuelanos dizendo que estavam vendendo suas empresas e deixando o país. Muitos foram para o Panamá. Nós temos que fazer um país democrático para todos, sem privilégio para oligarcas, monopólios e estatais. Aqui, se essa “merda” voltar, vamos todos ficar na miséria, com meia dúzia de bilionários tocando esse país, comendo carne de vaca, enquanto nós vamos ter que comer ovo para o resto da vida.

    O que o senhor espera de um segundo governo do Bolsonaro? Teve algumas reformas que ele prometeu fazer e que acabaram não saindo do papel… Eu acho que ele entregou muito, mesmo tendo de lidar, no início do mandato, com presidentes horríveis no Congresso, como o [Rodrigo] Maia, que se sentou em cima de todos os projetos. Mas, para mim, a reforma mais importante é a administrativa, com o objetivo de reduzir o tamanho do Estado para que se possa fazer uma reforma tributária. Eu quero, como uma empresa brasileira, comprar tudo o que for possível no Brasil. Hoje, 95% do que nós vendemos já é comprado no Brasil. Nós podemos produzir de tudo aqui. Nós temos matéria-prima, nós temos população, nós temos tamanho. Nós temos que voltar a industrializar o nosso país e gerar emprego nas nossas empresas. O que eu espero do governo é que ele reduza os impostos e acabe com o IPI, precisa reduzir toda a carga tributária para termos um país mais competitivo.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.