A Alpargatas confirmou nesta noite de quarta-feira que seu acionista controlador, a J&F Investimentos, dos empresários Joesley e Wesley Batista, vendeu o controle acionária da empresa para a Itaúsa (holding de investimentos do Itaú), Cambuhy Investimentos (fundo da família Moreira Salles) e Warrant Administração de Bens e Empresas.
A J&F havia comprado a Alpargatas há 18 meses, por 2,7 bilhões de reais, para socorrer outro grupo empresarial em dificuldades — a Camargo Corrêa, que precisava de dinheiro para cumprir obrigações decorrentes do acordo de leniência que havia feito no âmbito da operação Lava Jato.
Na época, o ativo estava sendo disputado por fundos brasileiros e estrangeiros. A J&F, no entanto, conseguiu levar a Alpargatas em tempo recorde, em negociação que durou cerca de três dias e que pegou o mercado como um todo de surpresa. À época, o valor pago foi considerado acima do esperado pelo mercado. A operação foi 100% financiada pela Caixa Econômica Federal.
Agora, a Alpargatas, que arrecada mais de 50% de sua receita no exterior, foi o primeiro grande ativo que a J&F passou adiante depois que Joesley Batista se viu no centro da atual crise política que o país vive, ao fazer acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para entregar gravações de suas conversas com políticos como o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves.
Após delação premiada dos irmãos Batista, o grupo J&F colocou em andamento um processo de desinvestimentos. A meta é conseguir 6 bilhões de reais em recursos.
A Itaúsa desembolsará na transação 1,750 bilhão de reaus, por 50% dessas participações, que corresponde a 27,12% do capital total da Alpargatas, e irá emitir dívida para isso. A holding de investimentos do Itaú celebrará acordo de acionistas com BW e Cambuhy para gestão compartilhada da empresa adquirida. “Esse acordo conterá, entre outras disposições, indicação majoritária e paritária de membros no Conselho de Administração da Alpargatas”, disse a empresa, em fato relevante.
“Os compradores declararam que o objetivo da operação é a diversificação dos seus portfólios de negócios investidos.”
“Itaúsa, BW e Cambuhy estão confiantes de que a Alpargatas, com a colaboração de seus funcionários e executivos, continuará sua trajetória de crescimento e identificará novas oportunidades que maximizem a criação de valor aos seus diversos públicos (stakeholders). Por meio dessa transação, a Itaúsa adiciona ao seu portfólio de investimentos setor que apresenta grande potencial de crescimento e perspectiva de expansão internacional”, ressaltou a companhia.
A empresa afirmou ainda que não espera que esta transação acarrete efeitos significativos no resultado da Itaúsa neste exercício social.
A forma de pagamento da compra da Alpargatas será à vista, na data do fechamento. A conclusão da operação está sujeita à aprovação prévia do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e eventuais outras autoridades concorrenciais competentes, bem como ao lançamento de uma Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA) pelos compradores e aprovações societárias da vendedora.
(Com Estadão Conteúdo)