Para restabelecer a confiança do mercado e dos consumidores, a JBS aprovou o plano de trabalho do “Faça Sempre a Coisa Certa”, conforme adiantou a coluna Radar On-Line. O programa foi proposto por Marcelo Proença, recém-nomeado para o cargo de diretor global de compliance da companhia.
O escritório White & Case LLP, contratado para apoiar a implantação de melhores práticas de governança, vai assessorar a implantação do plano “Faça Sempre a Coisa Certa”.
Em nota ao mercado, a JBS informa que tem a administração da companhia tem o compromisso de ter o melhor programa de compliance global da categoria.
A empresa também anunciou a criação e instalação do comitê executivo pelo Conselho de Administração. “[…] São medidas que reforçam e elevam a governança corporativa, o processo de profissionalização do Conselho de Administração e de seus comitês de assessoramento, ao mesmo tempo em que aumentam a frequência e espaço para a interação, diálogo e cooperação com os diretores e executivos da companhia, facilitando o desenvolvimento e implementação das metas operacionais e estratégias corporativas”, afirma a JBS.
O comitê executivo, órgão de assessoramento do Conselho de Administração, terá como atribuições assessorar a diretoria na gestão da Companhia, revisar potenciais propostas de aquisição, investimentos, desinvestimentos, associações e alianças estratégicas, fazer recomendações aos órgãos da administração, entre outras funções.
As medidas foram anunciadas após a crise de imagem deflagrada pela divulgação do conteúdo das delações de Joesley Batista, um dos donos da JBS. Joesley admitiu o pagamento de propina para políticos de diversos partidos e gravou o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves. Joesley foi o pivô da denúncia da Procuradoria Geral da República contra Temer por corrupção. Ele acusa o presidente de ter consentido com a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Temer nega.
Indignados, muitos consumidores anunciaram o boicote aos produtos da companhia nas redes sociais. O ator Tony Ramos, que fazia propagada para a Friboi, rompeu contrato com a empresa.
Endividada, a JBS tenta colocar em prática um programa de desinvestimento, que consiste na venda de alguns ativos. O objetivo da companhia é conseguir levantar 6 bilhões de reais.
O plano de desinvestimento da companha prevê a venda da participações acionária de 19,2% na Vigor e na Moy Park – empresa europeia de alimentos prontos). A JBS também vai colocar à venda a Five Rivers Cattle Feeding – braço de confinamento de bovinos nos Estados Unidos e Europa – e algumas fazendas.
A JBS já havia anunciado a venda das operações da companhia na Argentina, Paraguai e Uruguai por 1 bilhão de reais, montante que se juntará aos 6 bilhões previstos no plano de desinvestimento.
Entre os compromissos financeiros da holding J&F está o pagamento da multa de 10,3 bilhões de reais, prevista no acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal. A multa será paga em 25 anos.
Mas a Justiça ameaça o plano de desinvestimento. A Justiça Federal de Brasília a venda das operações de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai para subsidiárias da Minerva nos respectivos países.
A decisão foi tomada pelo juiz substituto da 10ª Vara Federal, Ricardo Leite, que citou que a venda de ativos pode prejudicar o esclarecimento de fatos denunciados na delação de executivos da JBS.