O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, divulgado na manhã desta quarta-feira, 11, mostrou uma inflação de 0,2% em agosto, em linha com o consenso. Já o núcleo do indicador, que exclui os preços mais voláteis de alimentos e energia, veio ligeiramente acima do esperado, com inflação de 0,3%.
Os dados ajudam a reforçar o espaço para início do ciclo de cortes de juros americanos já na próxima semana, na reunião do Federal Reserve. A probabilidade de a taxa de juros americana ser cortada em 0,25 ponto percentual na reunião do dia 18 de setembro é de 85%, segundo a ferramenta CME FedWatch, que analisa dados implícitos nos preços de contratos futuros de juros negociados no mercado americano nos últimos 30 dias. Ontem, antes dos dados do CPI, a probabilidade estava em 66%.
Tanto no indicador “cheio”, quanto nos núcleos, o desempenho do CPI está acima da inflação estabelecida como meta a ser perseguida pelo Fed. Em 12 meses até agosto, o CPI acumula uma inflação de 2,5%; no caso do núcleo do indicador, a inflação em 12 meses é de 3,2%. A meta perseguida pelo Fed é de 2%.
Mesmo nessas circunstâncias, agentes de mercado acreditam que o índice de inflação vem mostrando estar sob controle a cada leitura, com espaço para um afrouxamento monetário a partir da semana que vem. Isso é especialmente reforçado pelos dados do Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), índice de preços preferido pelo Fed para definição da política monetária e que também vem apresentando um comportamento benigno, na opinião de especialistas.
“A desaceleração da inflação não fecha as portas para a possibilidade de um corte de 50 pontos-base na taxa, mas diminuiu consideravelmente essa chance, aos olhos dos operadores de mercado”, afirma Paula Zogbi, gerente de pesquisa e chefe de conteúdo da Nomad, para quem o corte das Fed Funds deverá ser de 0,25 pp.
Para Scott Helfstein, chefe de estratégias de investimentos da Global X ETFs, a economia americana está no comando, e não o Fed, o que é uma boa notícia. “Preços estabilizados, mercado sólido e um desempenho forte das empresas preparam o palco para um novo avanço dos mercados conforme o Fed empurra as taxas de juros para baixo”, diz Helfstein.