A inflação da indústria ficou em 0,56% em fevereiro, resultado que traz uma desaceleração em relação a janeiro. Porém, nos últimos 12 meses, o índice que mede a variação dos preços na porta da fábrica, isto é, sem imposto e frete, registra alta de 20,05% nos últimos 12 meses.
Pelo terceiro mês seguido, a indústria extrativa teve o maior peso na variação, subindo 8,34%. De acordo com o analista da pesquisa, Murilo Lemos Alvim, o resultado desacelerou em relação a janeiro, mas o indicador de dezembro foi inferior ao registrado em fevereiro, o que mostra que não se pode afirmar que é uma tendência de queda, ainda mais que o período considera apenas uma pequena parte da invasão da Rússia à Ucrânia, que mexeu bastante no preço das commodities e afeta a indústria. “As consequências da guerra entre a Rússia e a Ucrânia não tiveram um impacto claro no resultado do IPP. O início da invasão na Ucrânia aconteceu no fim de fevereiro; e as principais sanções econômicas contra a Rússia, ocorreram a partir de março. O que provocou a alta das duas commodities foi a redução da oferta, junto com uma demanda aquecida”, diz o analista do IPP.
Segundo o analista, a queda de fevereiro está ligada principalmente à valorização do real, que começou em fevereiro e tomou mais força em março. “O resultado de fevereiro tem ligação com a variação cambial, pois o mês registrou a maior queda do dólar em 20 meses. A moeda norte-americana caiu cerca de 6%. Essa depreciação do dólar pode ser observada tanto no acumulado do ano (mais de 8%) quanto no acumulado em 12 meses (mais de 4%). Se pegarmos as quatro atividades que se destacaram com as maiores variações, três tiveram queda de preços. São as atividades que têm impacto direto do dólar: fumo, madeira e metalurgia. Há diversos produtos exportáveis e isso se reflete no preço que será recebido pelo produtor em real; se o dólar cai, ele vai receber menos. Existem ainda vários setores que dependem de insumos importados, com o dólar mais baixo o preço desses insumos ficará mais baixo”, analisa Alvim.