O Google está ameaçando encerrar seu serviço de busca em toda a Austrália se uma lei do país que prevê o pagamento por notícias das empresas de mídia for aprovada. A ameaça foi feita em um depoimento de Mel Silva, vice-presidente do Google na Austrália, no Senado daquele país. “Esse é o pior cenário e a última coisa que queremos que aconteça — especialmente quando há um caminho para um código viável que nos permite apoiar o jornalismo australiano sem quebrar a pesquisa”, informou a empresa em seu blog onde listou oito “fatos sobre o Google e o código de negociação da mídia de notícias”.
A lei está sendo proposta no parlamento australiano por conta de uma investigação feita em 2019 que descobriu que a Big Tech estaria levando uma parcela desproporcionalmente grande da receita de publicidade online, embora muito de seu conteúdo venha de organizações de mídia. Não só o Google está na mira desta lei, como também o Facebook.
De acordo com a agência de notícias AP, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, reagiu rapidamente ao depoimento da executiva do Google. “Não respondemos a ameaças. A Austrália estabelece nossas regras para coisas que você pode fazer na Austrália. Isso é feito no nosso Parlamento. É feito pelo nosso governo. E é assim que as coisas funcionam aqui na Austrália.”
Nos oito pontos levantados pelo Google, a empresa diz que apoia um código justo e nunca se opôs a apoiar o jornalismo, citando inclusive o recente anúncio global de que está pagando 1 bilhão de dólares por notícias em diversos países. Mas a nova lei, do jeito que está, segundo o Google, seria impraticável e inviabilizaria seu negócio. “O código efetivamente força o Google a pagar para mostrar links em uma intervenção sem precedentes que quebraria fundamentalmente o funcionamento dos mecanismos de pesquisa. E os links pelos quais temos de pagar são definidos de forma tão ampla no código que não sabemos o que está dentro ou fora”, diz a nota. Além disso, a empresa diz que ficaria obrigada a notificar com 14 dias de antecedência qualquer alteração de algoritmos.
A empresa também diz que pagar por links mina o princípio básico da internet que é a capacidade de se conectar livremente. “Seria como exigir que a lista telefônica pague às empresas para poder incluí-las — simplesmente não faz sentido”. A empresa também alega que não usa o conteúdo das notícias, ela apenas vincula a notícias a links e os conecta com quem faz pesquisas. Outro “fato” descrito pelo Google diz que não é a sua ferramenta que é motivo da queda de receita dos jornais australianos ao longo do tempo, mas sim a concorrência dos classificados online que roubaram receitas de jornais tradicionais.