A agência internacional de risco Fitch anunciou hoje o rebaixamento da nota de crédito soberano do Brasil de “BB” para “BB-“. A redução acontece logo após o governo de Michel Temer suspender a discussão da reforma da Previdência para fazer uma intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro.
“O rebaixamento do Brasil reflete persistentes e grandes déficits fiscais, o aumento crescente da dívida pública e a falta de reformas que melhorariam o desempenho estrutural das finanças públicas”, informou a Fitch.
No comunicado, a agência mostra que a suspensão da reforma da Previdência foi fundamental para o rebaixamento da nota de crédito do Brasil. “A decisão do governo de não colocar a reforma da Previdência em votação no Congresso é um importante revés na agenda de reformas e reduz a confiança na trajetória de médio prazo das finanças públicas e com o compromisso de tratar essa questão.”
O rebaixamento da nota de crédito do Brasil já era esperado. Na terça-feira, a agência Moody’s afirmou que a desistência de tentar aprovar a reforma da Previdência era para a classificação de risco do país, pois limitará a capacidade de cumprir a regra do teto de gasto.
“Embora já esperássemos que uma reforma ampla fosse improvável, abandonar os planos para aprovar a proposta é negativo para o perfil de crédito do país uma vez que restringirá fortemente a capacidade das autoridades de cumprir com o teto de gastos do governo nos próximos anos”, disse o analista-sênior da agência Moody’s, Samar Maziad.
A própria Fitch já tinha sinalizado no começo da semana que o fracasso da reforma da Previdência é um dos pontos que pressionam para o rebaixamento do rating soberano do Brasil. “A pressão para baixo no rating soberano do Brasil (“BB”/perspectiva negativa) continua refletindo os altos déficits fiscais, o elevado e crescente peso da dívida e o fracasso em aprovar a reforma da previdência, que contribuiria para reduzir as pressões estruturais sobre as despesas”, disse a diretora-sênior da Fitch, Shelly Shetty, em comunicado.
Com o rebaixamento da nota de crédito, o Brasil ficou distante do selo de país bom pagador da sua dívida.
No comunicado, a Fitch diz que o Brasil continua se recuperando de uma recessão econômica prolongada e profunda. ‘A Fitch prevê um crescimento em média de 2,6% em 2018-2019, acima do 1% estimado em 2017. O crescimento deve ser apoiado pelas condições favoráveis da demanda externa, bem como pela recuperação da demanda doméstica.’
No entanto, a agência alerta que esse crescimento pode ser limitado pelas incertezas políticas, fiscais e de reformas. Segundo a agência, as medidas adotadas pelo governo no ano passado, como reforma trabalhista, levarão tempo para trazer impacto para a economia.