Homem de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Haddad (PT) vai para seu segundo ministério nas gestões petistas e sobe mais um degrau na escala de força do partido. Celebrado pela gestão da Educação nos governos de Lula e Dilma Rousseff entre 2005 e 2012 — e nem tanto pelo trabalho como prefeito de São Paulo entre 2013 e 2016 –, o advogado e mestre em economia será o novo ministro da Fazenda do Brasil.
“Tomei a decisão de anunciar o governo Fernando Haddad para o ministério da Fazenda. Ele tem a incumbência de ter uns dias para montar a sua equipe para já apresentar resultado antes de a gente tomar posse”, disse Lula ao confirmar o nome do ex-prefeito de São Paulo na Esplanada dos Ministérios. Além de Haddad, Lula anunciou Flávio Dino para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Rui Costa para a Casa Civil, José Múcio Monteiro para a Defesa e Mauro Vieira para o Ministério das Relações Exteriores.
A pasta, hoje no guarda-chuva do Ministério da Economia de Paulo Guedes e que voltará a ser desmembrada, volta às mãos de um nome político, assim como foi durante a primeira gestão de Lula, com Antônio Palocci no posto-chave da economia. Haddad desbancou outros quadros políticos como Wellington Dias e Alexandre Padilha, e economistas liberais como Henrique Meirelles e Pérsio Arida. Embora não tenha experiência em cargos executivos ligados à área econômica, Haddad conta, além da confiança depositada por Lula, de experiência em postos estratégicos no setor, tanto na prefeitura paulistana quanto no primeiro governo de Lula.
Mestre em economia pela USP, a primeira experiência de Haddad lidando com economia e finanças públicas foi na subsecretaria municipal de Finanças de São Paulo entre 2001 e 2003, tendo sido o braço direito do secretário João Sayad, nomeado na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT). O cargo não só foi o primeiro na área econômica como também o primeiro cargo político de Haddad, que também é professor do Departamento de Ciência Política da USP e do Insper. Antes da carreira pública, o novo ministro foi analista de investimentos do Unibanco e consultor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Haddad deixou o posto na gestão de Marta ainda no primeiro ano do mandato presidencial de Lula. Ao trocar São Paulo por Brasília, foi convidado a ser assessor especial do Ministério do Planejamento, comandado na época por Guido Mantega. Na pasta, Haddad foi encarregado de estruturar a lei das Parcerias Público-Privadas (PPPs). Ele ficou no cargo até 2004, quando se tornou secretário-executivo do Ministério da Educação – no ano seguinte, foi nomeado ministro e permaneceu na pasta até 2012, quando foi eleito prefeito da maior cidade do país.
Uma das principais credenciais econômicas de que se orgulha foi a renegociação das dívidas da cidade de São Paulo com a União, que foi de 80 bilhões de reais para cerca de 30 bilhões de reais. A diminuição foi conseguida por meio de alterações no indexador e na taxa de juros da dívida. O acordo foi autorizado pelo ministro da Fazenda do governo Dilma, Joaquim Levy, em 2015.
Agora, Haddad terá a responsabilidade de comandar o principal posto da área econômica do governo — elencada como prioridade na gestão de Lula. Sem contar com muita simpatia do mercado financeiro, a definição de Haddad leva a mais questões, como a construção de um novo arcabouço fiscal para substituir o teto de gastos e qual será o tom da gestão petista nas reformas — em especial, a tributária, quase consenso como uma necessidade ao país.
Para conhecer o caminho que será seguido, falta o anúncio do segundo escalão de Haddad, que deve ocorrer nas próximas semanas. A conferir.