Nos últimos tempos, o brasileiro viu o preço do azeite subir cada vez mais, chegando a ser considerado um artigo de luxo por diversos consumidores. Esse aumento pode ser explicado pela escassez da produção nacional do produto e sua consequente dependência das importações de países europeus como Portugal, que representa 44% de toda a importação, e Espanha, que representa 14%. Os preços têm subido há dois anos, quando a Europa começou a passar por uma intensa seca que reduziu drasticamente as colheitas de azeitonas, matéria-prima do azeite. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, o Brasil importou mais de 11,5 mil quilos de azeite espanhol entre janeiro e setembro deste ano.
A Espanha é a maior fabricante do óleo no mundo, mas vivenciou uma queda de 60% em suas safras de 2022 a 2023 — de quase 1,5 milhões de toneladas produzidas para 666 mil toneladas. No ano seguinte, houve uma pequena alta, mas não o suficiente para se recuperar: de 666 mil toneladas para 766 mil toneladas, segundo o Conselho Oleícola Internacional. Com essa diminuição na oferta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) analisou que o preço do produto no cenário nacional alcançou seu maior valor em junho de 2024, quando disparou 50% em comparação a 2012, ano de início da pesquisa.
Expectativas para o preço do azeite nos próximos meses
No dia 8 de outubro, a Comissão Europeia divulgou um relatório que projeta um crescimento de 32% na produção de azeite na Europa ainda este ano, em comparação a 2023. A estimativa é de 2 milhões de toneladas ofertadas por safras, como consequência do bom nível de chuvas no continente entre janeiro e fevereiro de 2024, o que ajudou os olivais não irrigados da região. Apesar do otimismo, analistas do setor indicam que a produção europeia pode não ter a recuperação aguardada pelo mercado.
Ambientalistas europeus apontam que o problema da logística da produção do óleo de azeitona vem das formas de manejo das oliveiras do continente. O plantio das árvores em algumas áreas de importância não respeita o curso d’água, por exemplo, chegando até às margens dos rios. Em decorrência, a cobertura vegetal desses locais foi totalmente dizimada e sua terra tornou-se infértil.