Duas das principais entidades de shopping centers do Brasil, a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) e a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), se reuniram nesta segunda-feira, 16, para definir o futuro da atuação de mais de 500 complexos comerciais pelo país. A reunião foi convocada às pressas, diante da queda de público entre 20% a 30% nas últimas semanas nos estabelecimentos, provocada pelos impactos do novo coronavírus (Covid-19), e serviu para definir diretrizes e unificar reivindicações do setor, que se reunirá em breve com representantes do governo para discutir a flexibilização na cobrança de impostos sobre comércio e serviços.
Segundo Nabil Sahyoun, presidente da Alshop, a entidade não prevê a paralisação de shopping centers pelo país. A despeito da redução no número de visitantes nos estabelecimentos, o executivo afirmou que algumas divisões ainda conseguem manter as portas abertas no período de baixa circulação. “Segmentos voltados ao mercado pet, farmácias e supermercados continuam recebendo um grande volume de clientes”, diz Sahyoun. “O segmento de alimentação rápida, por sua vez, acabou registrando um aumento no movimento de entrega por delivery, o que acaba substituindo a queda natural no fluxo dos restaurantes.”
Ainda assim, as duas associações estudam, com os lojistas, a possibilidade de redução do horário de funcionamento nos estabelecimentos. Cogita-se nos bastidores que a nova jornada dos centros de compras no país iria de 11h às 20h. Essa medida deve ser adotada primeiramente em estados como Goiás e Rio de Janeiro. “Seria uma medida para minimizar os custos trabalhistas para as empresas”, diz Sahyoun.
Diante da possível diminuição no horário comercial dos complexos pelo país, a Alshop afirma que está negociando com os lojistas a possibilidade do adiamento do fundo de promoção e propaganda, despesa obrigatória para operadores em shopping centers. Já quando o aspecto envolve os funcionários das varejistas, Sahyoun diz que a entidade não estabeleceu nenhuma orientação. “Não sabemos o que vai acontecer. Isso vai depender se a sugestão referente à redução do horário será aceita pela Abrasce e pelos estabelecimentos. Os lojistas podem transferir seus funcionários para outras lojas ou antecipar as férias de alguns, se for o caso”, afirma.
No Rio de Janeiro, um decreto do governador Wilson Witzel (PSC), na sexta-feira 13, definiu a suspensão das atividades em teatros, museus, cinemas e centros culturais. Com isso, duas das principais redes de cinema do país se movimentaram. A Kinoplex declarou férias coletivas para todos os funcionários no estado. Já a operadora multinacional Cinemark, a maior do circuito exibidor nacional, propôs um Plano de Demissão Voluntária (PDV) ou um Programa de Qualificação Profissional remunerado para seus funcionários no estado fluminense.