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Copom mantém Selic em 2% ao ano, mas alerta para inflação e risco fiscal

Alta das commodities com efeitos em alimentos e combustíveis e risco fiscal elevado culminaram na retirada da prescrição futura para os juros

Por Larissa Quintino Atualizado em 9 fev 2021, 14h41 - Publicado em 20 jan 2021, 18h38
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  • O Comitê de Políica Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 2%. O anúncio, feito nesta quarta-feira, 20, vai em linha com a expecativa do mercado financeiro, apesar das pressões vindas da inflação. É a terceira vez consecutiva que o colegiado decide por manter o patamar na mínima histórica.

    A novidade do comunicado foi a retirada da “forward guidance” (prescrição futura, em português), ferramenta utilizada desde agosto pelo Copom para sinalizar por quanto tempo a taxa de juros se manterá no patamar atual. Porém, com a continuidade pressão inflacionária, aumento de casos do novo coronavírus (e, incerteza da retomada mais forte a curto prazo), o mecanismo foi retirado. Soma-se a isso o risco fiscal do país, já bastante alto, e que pode subir ainda mais caso políticas de resposta à pandemia voltem a vigorar. Segundo o Copom, a queda da prescrição futura não significa, entretanto, que os juros passam a subir já na próxima reunião. “A conjuntura econômica continua a prescrever, neste momento, estímulo extraordinariamente elevado frente às incertezas quanto à evolução da atividade”, afirma o Copom em seu comunicado. 

    Na última reunião, realizada em dezembro,  o Comitê havia sinalizado a tendência da manuenção da taxa de juros em seu “forward guidance. O colegiado enxergava a pressão inflacionária, que veio a se concretizar com o IPCA fechando 2020 em 4,52%, mas enxegava a pressão como temporária devido o auxílio emergencial. Na decisão divulgada nesta quarta, o colegiado ressalta que elevação no preço de commodities internacionais e seus reflexos sobre os preços de alimentos e combustíveis implicam na elevação das projeções para inflação nos próximos meses. Com isso, a pressão dos preços ocorrida em 2020 pode continuar este ano, por mais que os motivos sejam diferentes. Na terça-feira, a prévia do IGP-M, da Fundação Getulio Vargas, mostrou a pressão da gasolina nos preços tanto no atacado quanto para o consumidor.

    Segundo o forward guidance adotado em sua 232ª reunião, o Copom não reduziria o grau de estímulo monetário desde que determinadas condições fossem satisfeitas. Em vista das novas informações, o Copom avalia que essas condições deixaram de ser satisfeitas já que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estão suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária. Como consequência, o forward guidance deixa de existir e a condução da política monetária seguirá, doravante, a análise usual do balanço de riscos para a inflação prospectiva”, diz o comunicado do Copom. 

    Para este ano, a estimativa do mercado financeiro é que a inflação encerre o ano em 3,43%, abaixo da meta de 3,75% estabelecida para 2021.

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    O ciclo de queda da Selic vem ocorrendo desde 2016, quando ela estava em 14,25%. Mas a manutenção dos juros no menor patamar da história, porém, podem não ser sustentáveis a longo prazo devido ao seu efeito colateral. “A expectativa do mercado financeiro é de que a Selic seja elevada e feche o ano em 3,25%. Tal alta deve começar a partir do segundo trimestre, considerando os níveis de atividade econômica do pais. De acordo com a última da ata do Bacen, o Copom deve alertar novamente sobre a importância da agenda de reformas e a preocupação com a questão fiscal do Brasil”, destacou Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos. 

    Economistas e o próprio Copom, chamam atenção ao risco fiscal do país. O aumento do endividamento público é um problema anterior à Covid-19, mas que foi exacerbado com os estímulos. Com a pandemia, esse quadro vem se agravando. Com menos arrecadação de impostos devido à desaceleração das atividades econômicas, o déficit fiscal do país entrou ainda mais em sinal de alerta. O risco Brasil pode ser verificado na discrepância entre a taxa básica, atualmente em 2% e os juros longos, que estão atualmente acima de 6% para títulos com vencimento a partir de cinco anos. Tudo isso exige atenção para a retomada da agenda reformista neste ano.

    Por outro lado, um prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia que piore a trajetória fiscal do país, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco. O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”, diz trecho da decisão do Copom. “Questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”, completa.

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