O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em uma união de esforços com a China, Índia, Coréia do Sul, Japão e Reino Unido, anunciou o uso das reservas dos EUA para colocar 50 milhões de barris de petróleo no mercado. A estratégia é tentar baixar o preço do produto em meio à inflação que atinge todo o mundo e, nos Estados Unidos, atingiu em outubro a maior alta dos últimos 30 anos. O principal vilão desta alta de preços é a energia, que sofre com a pressão da demanda sobre a oferta na recuperação da economia após a pandemia da Covid-19.
Para saber melhor como esta medida vai impactar no preço da commodity, primeiro é preciso entender como funciona esta reserva de petróleo americana. Criada no início da década de 1970, quando houve embargo pela Opep, a Reserva Estratégica de Petróleo foi criada para evitar novos choques no preço do produto. Hoje os mais de 700 milhões de barris ficam no subterrâneo de Louisiana e do Texas.
Por armazenarem petróleo bruto, no entanto, eles precisam ser refinados, o que leva tempo para chegar ao mercado. Portanto, os efeitos do uso da reserva pelos EUA na bomba de gasolina para o consumidor só poderão ser avaliados depois deste processo. Nesta quinta-feira, 25, por volta das 12h20, o petróleo Brent seguia em alta, cotado a 81,88 dólares, alta de 47% no acumulado do ano. O Brent é usado como referência para a Petrobras e o preço alto significa combustíveis mais altos aqui.
A medida de Biden ocorre após semanas tentando convencer em vão a Rússia e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) a aumentar a oferta do produto. Composta por 13 países principalmente da África e do Oriente Médio, a Opep, junto com a Rússia, são responsáveis por mais de 50% da produção do produto no mundo. Apesar dos esforços, o grupo decidiu manter a cautela na oferta do produto, colocando-o no mercado a quantidades menores que a pleiteada pelo presidente americano.
Vale considerar, também, que há ainda a possibilidade de a Opep e a Rússia diminuírem ainda mais a sua oferta para fazer frente aos esforços dos Estados Unidos. Para Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama, a Opep não teria interesse em manter os preços do petróleo muito altos, principalmente em meio aos esforços do mundo para diminuir o consumo de combustível fóssil e na iminência da subida de juros dos Estados Unidos, que desacelerá a economia americana.
“Não há demanda no mundo para sustentar estes preços por muito tempo. Estamos vivendo um mundo ESG e a Conferência do Clima reforçou este tema. Se o petróleo subir muito, isso acelerará ainda mais os projetos de sua substituição por energia limpa, o que é ruim para a Opep. Acredito que ela tem interesse em manter o preço entre 60 e 65 dólares”, diz ele.