Nessas eleições, as casas de aposta estão fazendo sucesso e faturando alto com as tentativas dos internautas acertarem a vitória à presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou de Jair Bolsonaro (PL). Apesar de não serem regulamentadas no Brasil, elas estão registradas fora do país e atendem um público grande de apostadores brasileiros. Como mostrou VEJA, na quarta-feira, 5, elas estavam prevendo, em média, 69,3% de vitória de Lula contra 30,6% de Bolsonaro.
Na tarde desta quarta-feira, 6, o site Esportes da Sorte oferecia para cada real apostado na vitória de Lula um retorno de 1,3 real em caso de sua vitória. Já quem apostava em Bolsonaro ganha 3,2 reais em caso de acerto. Daniel Trajano, diretor comercial da empresa, explicou como é feito o cálculo dos chamados “odds”, que na prática são os múltiplos do retorno que os jogadores terão sobre o valor investido caso acertem o seu palpite.
A empresa possui 5,5 milhões de brasileiros cadastrados, a grande maioria de usuários do site. Segundo Trajano, o interesse nas eleições presidenciais cresceu muito no último final de semana, data do primeiro turno, e trouxe para a empresa um faturamento quatro vezes maior que as últimas três semanas juntas. “A procura foi tão grande que as apostas se comparam a uma rodada completa do brasileirão série A, a competição que mais atrai apostadores”, diz Trajano, que afirmou que o maior número de apostas foi para Bolsonaro, “provavelmente porque o custo benefício era mais interessante”.
Como funciona o cálculo para as eleições?
São vários fatores, mas em primeiro lugar nós temos grandes empresas de fornecimento de “odds” e a mais conhecida e a maior do mundo nesse segmento é a SportRadar, que faz estudo estatístico e analítico, e vende para todas as apostas de cotação do mundo. Todas as casas que eu conheço têm contrato com eles, e depois cada uma faz o seu trabalho em cima desse balizador. Isso dá um equilíbrio entre as casas e faz com que elas precifiquem as apostas de maneira parecida entre elas.
Como é feito este estudo?
Primeiro ponto são as pesquisas eleitorais encomendadas e que tiveram grandes erros este ano. Elas são uma base forte para o cálculo, mas não é só isso. Eles puxam cenários anteriores, por exemplo, quantas vezes em uma eleição um governo de esquerda contra um de direita chegou a um mês da eleição com X por cento de aprovação e de rejeição. Tem também o cenário de aprovação do governo, eles pegam um cenário mundial de todas as eleições presidenciais no mundo e quantas vezes um presidente que chegou a duas semanas antes da eleição com menos de X% de aprovação conseguiu vencer o pleito. Eles pegam cenários em países com composição social parecida e com base nisso vão colocando pesos e montando a cotação.
Que outros fatores são acrescentados nesse cálculo?
Existe também o balanceamento por cada casa de aposta, que nada mais é do que a lei de oferta e procura. Por exemplo, estão pagando 2,70 no Bolsonaro e 1,50 no Lula, mas se todas as apostas vão para o Bolsonaro, as casas derrubam a cotação do Bolsonaro e a cotação do Lula vai aumentar, para que se chame também a aposta do outro lado e se tenha um equilíbrio.
O levantamento de VEJA mostrou uma média de 69,3% de chance de vitória de Lula contra 30,6% de Bolsonaro. Estes números estão próximos ao que vocês receberam da SportRadar ou outros fatores influenciaram nesse cálculo, como as apostas e os ganhos da casa?
Está próximo da precificação, hoje se paga em vitória de Bolsonaro duas vezes mais que o investido, então está dando a ele 1/3 das chances de vencer. Essa proporção 70% e 30%, e de 65% e 35% é o cenário que se trabalha. É importante lembrar que é um cenário de chance de vitória e não de quantidade de votos. É um cálculo correto mas só funciona quando se tem equilíbrio. Se não tem a proporção equilibrada de apostas no candidato A e no candidato B, a empresa vai mexendo na cota para conseguir garantir a sua margem.