O apetite dos consumidores após períodos mais duros de distanciamento social, e a adaptação dos lojistas a novas formas de comércio fez com que o volume de vendas do varejo registrasse alta de 8% em junho, após o crescimento recorde de 14,4% em maio. Apesar dos números positivos nesses dois meses a partir da retomada gradual de atividades não essenciais, o varejo fechou o primeiro semestre com -3,1%, frente ao primeiro semestre de 2019, influenciado pelas medidas de isolamento social para contenção da pandemia de Covid-19. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Os resultados positivos eram esperados porque viemos de uma base de comparação muito baixa, que foi o mês de abril (-17%). Esse crescimento, então, foi praticamente generalizado, distribuído em quase todas as atividades. Desde o começo da pandemia, a gente bate muitos recordes, tanto negativos quanto positivos, então os números estão muito voláteis”, explica o gerente da pesquisa, Cristiano Santos. Apesar de, semestralmente, o resultado apresentar o maior recuo desde 2016, ele não é recorde como imaginado no início da pandemia, o que mostra a reação do setor.
Com exceção do setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, que teve queda de 2,7% frente a maio, todas as outras atividades analisadas pela pesquisa cresceram nessa comparação. Os maiores porcentuais foram de livros, jornais, revistas e papelarias (69,1%), tecidos, vestuário e calçados (53,2%), móveis e eletrodomésticos (31%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (26,1%). Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (22,7%), combustíveis e lubrificantes (5,6%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,7%) foram as demais atividades que tiveram resultados positivos.
“Há um movimento de adaptação. Tanto Móveis e eletrodomésticos quanto Livros, jornais, revistas e papelarias são duas das atividades com maior potencial de adaptação, principalmente nas pequenas e médias empresas, que sempre tiveram o comércio calcado na venda física. Com a pandemia, ao longo do tempo, elas aprenderam a ofertar seus produtos de maneira distinta e a trabalhar com entrega, por exemplo”, analisa Santos.
De acordo com o pesquisador, como as atividades de artigos farmacêuticos e perfumaria e hipermercados e supermercados foram consideradas essenciais durante a pandemia, não sofreram tanto impacto quanto as outras atividades. “O setor de hipermercados pesa muito no indicador. Nesse mês a participação dele foi de 50,8%. Essa variação grande e volátil das outras atividades foi contida por esse setor e segurou o índice em 8%”, completa.
No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de Veículos, motos, partes e peças e Material de Construção, o volume de vendas cresceu 12,6% em relação a maio. Pelo segundo mês consecutivo, os resultados apontaram menor impacto do isolamento social no comércio. De todas as empresas coletadas pela pesquisa, 12,9% relataram impacto em suas receitas em junho por conta das medidas de isolamento social. Em maio, esse número era 18,1%.
O volume de vendas foi positivo em 24 Unidades da Federação, com destaque para Pará (39,1%), Amazonas (35,5%) e Ceará (29,3%) na passagem de maio para junho. Rio Grande do Sul (-9,0%), Paraíba (-2,4%) e Mato Grosso (-2,0%) foram os estados que tiveram queda nessa mesma comparação.