Nesta segunda-feira, 6, às vésperas do feriado de 7 de setembro e das manifestações convocadas a favor e contra o presidente Jair Bolsonaro, o mercado financeiro operou com cautela. O volume de negociação foi baixo, afinal o feriado do Dia de Trabalho nos Estados Unidos se somou à preferência dos investidores brasileiros em esperar o desenrolar dos protestos agendados para terça-feira e seu impacto principalmente na sensação de insegurança institucional e política do país.
Para analisar melhor a quantas anda a credibilidade do país e o ânimo para se investir na bolsa, é importante olhar a longo prazo e, principalmente, para os indicadores que medem as apostas que o mercado faz para o país no futuro. O índice DI com vencimento em 2023, por exemplo, fechou a sexta-feira, 3, a 8,665%, dois pontos percentuais acima do índice há três meses atrás – no dia 3 de junho, estava a 6,695%. O valor representa o quanto o mercado cobra de prêmio para investir no Brasil no futuro. Além disso, em um mês o Ibovespa acumula queda de 5,37%.
“Nas últimas semanas o mercado local se descolou bastante do americano devido a dois componentes principais. Um deles é a preocupação com o agravamento da crise institucional e esse discurso mais agressivo do poder Executivo para cima do Judiciário”, diz Paulo Duarte, economista-chefe da Valor Investimentos. “O outro é a volta da preocupação com a parte fiscal. As contas públicas tinham recebido um alívio este ano, principalmente por conta do crescimento do PIB, mas a inflação e os juros futuros estão esticando demais. Além disso, o governo não está conseguindo passar a reforma tributária da forma como gostaria e vem flertando com o furo do teto de gastos, o que agrava o risco fiscal”, diz ele.
Vale ressaltar que, assim como na sexta-feira da semana passada, operou com aproximadamente 60% da sua liquidez de costume. Apesar de na maior parte do pregão o Ibovespa ter operado no patamar positivo, a alta de 0,80%, a 117.568 pontos, é apenas um leve respiro das sucessivas quedas que vêm ocorrendo desde a semana passada. O mesmo termômetro deve ser usado para olhar a cotação do dólar comercial, que desde o final desta manhã operou em baixa e próximo ao fechamento do mercado oscilava em queda de 0,15%, a 5,1755 reais.
Após as manifestações de 7 de setembro os ares ficarão um pouco menos nebulosos para o mercado de investimentos – o que não significa menos obstáculos para a bolsa brasileira voltar ao patamar dos 120 mil pontos.