A produção industrial teve variação positiva de 0,3% na passagem de fevereiro para março, após alta de 0,7% no mês anterior. As sequências de alta, entretanto, não foram suficientes para reverter a queda no primeiro trimestre do ano. Na média móvel trimestral, o setor recuou 0,4%. Na comparação com o ano passado, a queda é ainda maior, de 4,5%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 3, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal, os fatores que dificultam uma retomada da indústria ainda permanecem. “Existem questões complicadoras na oferta, que é algo mais global, afetado pelo mercado internacional, e na demanda doméstica”, exemplifica.
De acordo com Macedo, as plantas industriais ainda percebem o aumento do custo de produção e refletem a escassez de algumas matéria-prima. “Além disso, a inflação vem diminuindo a renda disponível e os juros sobem e encarecem o crédito. Também o mercado de trabalho, que apresenta alguma melhora, ainda mostra índices como uma massa de rendimentos que não avança”, lembra o Macedo.
Março
A atividade com mais influência positiva no mês de março foi a de veículos automotores, reboques e carrocerias, com crescimento de 6,9%. Funcionando como termômetro da indústria geral, o setor marca o segundo mês de expansão, mas, ainda assim, não recupera o mês de janeiro.
Outras atividades que contribuíram para a variação positiva de março foram: outros produtos químicos (7,8%), bebidas (6,4%) e máquinas e equipamentos (4,9%), além de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (7,9%), de couro, artigos para viagem e calçados (8,9%) e de indústrias extrativas (0,9%).
Já entre as doze atividades em queda, a principal influência veio de produtos alimentícios (-1,7%), que interrompe quatro meses consecutivos de alta, quando acumulou expansão de 14,9%. “Além de ter partido de um índice mais alto, alguns itens específicos, de produção mais volátil, como o açúcar, acabaram contribuindo para a queda no setor”, afirma Macedo.
Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,1%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-8,4%) também exerceram importantes impactos no mês. Os recuos nas atividades de ramos de produtos de metal (-3,6%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-4,9%) foram outras com quedas a serem consideradas.
Três das quatro grandes categorias econômicas tiveram alta, sendo bens de capital (8%) e bens de consumo duráveis (2,5%) as com maiores taxas positivas. O setor produtor de bens intermediários (0,6%) teve crescimento menor que em fevereiro (1,8%). Já bens de consumo semi e não-duráveis (-3,3%) foi a única com taxa negativa, interrompendo três meses consecutivos de avanço na produção, período em que acumulou alta de 4,3%.
No confronto contra março do ano anterior, o setor industrial teve queda de 2,1% em março de 2022. Os resultados negativos atingiram três das quatro grandes categorias econômicas, além de 17 dos 26 ramos, 55 dos 79 grupos e 60,1% dos 805 produtos pesquisados. Cabe citar que março de 2022 teve 22 dias úteis, um a menos do março de 2021.
Nessa comparação, destaque, entre as atividades, para as quedas em produtos de borracha e de material plástico (-14,5%), produtos de metal (-15,9%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-20,8%). Já no grupo dos nove setores que cresceram, outros produtos químicos (8,0%) e bebidas (12,0%) exerceram as maiores influências.
Entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis (-12,8%) teve a maior queda. Bens intermediários (-2,2%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-1,2%) também mostraram resultados negativos. Somente bens de capital, com alta de 4,4% registrou crescimento.