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Com ágio de 3.800%, governo arrecada R$ 3,3 bi no leilão de 22 aeroportos

O maior valor pago foi pelo bloco de nove terminais do Sul, arrematado pela CPC, do grupo CCR, por R$ 2,1 bilhões

Por Larissa Quintino Atualizado em 8 abr 2021, 06h08 - Publicado em 7 abr 2021, 11h04
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  • Com movimento baixo há cerca de um ano, devido à pandemia, os aeroportos voltaram a ser notícia. E uma boa notícia. Não porque a situação de voos está normalizada, mas pelo sucesso do leilão de 22 terminais no país, que atraiu investimento nacional e estrangeiro. O certame mostra apetite do investidor pelo setor de infraestrutura brasileiro, importante para o país, especialmente para ajudar em um momento de retomada econômica. Nesta quarta-feira, 7, o governo arrecadou 3,3 bilhões de reais. O ágio médio, diferença entre o mínimo fixado pelo governo para pagamento inicial e a soma dos lances vitoriosos, foi de 3.822%.

    O valor de investimento total gerado pelo leilão é de 6,1 bilhões de reais, que serão aplicados ao longo dos trinta anos de contrato. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em condições normais de demanda, os três blocos de aeroportos processam juntos cerca de 11% do total do tráfego de passageiros do país, o equivalente a 24 milhões de passageiros por ano (dados de 2019).

    A Companhia de Participações e Concessões (CPC), do grupo brasileiro CCR, levou dois blocos leiloados. O Sul, composto por nove aeroportos, entre eles Curitiba e Foz do Iguaçu (PR), foi arrematado por 2,128 bilhões de reais. O ágio é de 1.500% em relação à oferta inicial, de 130 milhões de reais. A CPC também arrematou o Bloco Central, com seis aeroportos do Centro-Oeste e Nordeste. A proposta foi de 754 milhões de reais, ágio de 9.000% em relação a contribuição inicial definida, de 8,1 milhões de reais.

    O bloco Norte foi arrematado pelo grupo francês Vinci Airports. O lance vencedor foi de 420 milhões de reais, ágio de 778% em relação ao valor inicial de 47,8 milhões de reais.

    A aposta do Mistério da Infraestrutura no leilão de aeroportos se concretizou. Na avaliação da pasta, a concessão dos terminais tinha grande capacidade de atração porque há baixa oferta de ativos aeroportuários no mundo. “Foi um movimento de ousadia, muita gente disse que éramos loucos em licitar aeroportos no meio da maior crise do setor. Mas vimos a oportunidade”, afirmou Tarcísio de Freitas, ministro da Infraestrutura.

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    O leilão faz parte da Infra Week, semana de leilões realizadas pelo governo que prevê atrair 10 bilhões de reais em concessões de aeroportos, portos e ferrovias e prevê a geração de 200 mil empregos diretos e indiretos. As concessões são uma oportunidade importante para a retomada da infraestruta, e consequentemente, da economia brasileira.

    Entre 2011 e 2019, o programa de concessão aeroportuária no Brasil repassou o equivalente a 67% do tráfego nacional à iniciativa privada. Em 2019, já no governo de Jair Bolsonaro, 12 aeroportos foram concedidos com ágio de 1.00%.

    Integram o Bloco Sul, licitado hoje, os aeroportos de Curitiba, Foz do Iguaçu (PR), Londrina (PR), Navegantes (SC), Joinville (SC), Bacacheri (PR), Pelotas (RS), Uruguaiana (RS) e Bagé (RS). O Bloco Central é composto pelos aeroportos de Goiânia, São Luís, Imperatriz (MA), Teresina, Palmas e Petrolina (PE). Já o Bloco Norte contém os aeroportos de Manaus, Tabatinga (AM), Tefé (AM), Porto Velho, Rio Branco, Cruzeiro do Sul (AC) e Boa Vista.

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    O governo estima investimentos de  6,1 bilhões de reais nos aeroportos concedidos à iniciativa privada, dos quais R$ 2,8 bilhões no Bloco Sul, R$ 1,8 bilhão no Bloco Central e R$ 1,4 bilhão no Bloco Norte.

    Infra Week

    Até o fim da semana, o governo leiloará mais áreas de infraestrutura, com estimativa de atrair 10 bilhões de reais em investimentos. Na quinta-feira, o leilão na B3 será da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). O leilão do primeiro trecho da Fiol injetará 3,3 bilhões de reais de investimento na infraestrutura do país. O contrato tem a duração de 35 anos. O trecho tem 537 quilômetros e liga Ilhéus (BA) e Caetité (BA).

    A sexta-feira fecha a semana de concessões com o leilão de terminais portuários, sendo quatro nos portos de Itaqui (MA) o outro em Pelotas (RS). Serão 600 mil reais de investimentos contratados. Esses terminais se somam a outros 20 leiloados desde 2019 e a 69 contratos de uso privado. Só nesse setor, já foram garantidos 10 bilhões de reais, de acordo com o Ministério da Infraestrutura.

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    “Em uma semana, 10 bilhões de reais de investimentos contratados, que representam mais que o orçamento anual do Ministério da Infraestrutura, investimentos que vão fazer a diferença na vida das pessoas pela melhor prestação de serviço. E na vida de muitos pais de família que vão ter acesso ao trabalho”, acrescentou o ministro. “Vamos sentir uma repercussão econômica forte disso em 2024, 2025, em 2026, quando esse investimento estiver se materializando.”

    Segundo o Ministério da Infraestrutura, o programa de concessões transferiu 41 ativos para a iniciativa privada entre 2019 e 2020, com 44,3 bilhões de reais  de investimentos já contratados. A expectativa do Ministério da Infraestrutura é chegar ao fim de 2022 com a concessão de mais de 100 ativos e a contratação de 260 bilhões de reais em infraestrutura.

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