O empresário brasileiro Carlos Ghosn, ex-CEO da Nissan, destituído e preso por suposta má conduta financeira, abriu processo contra a montadora japonesa há cerca de um mês. O ex-executivo, que também tem nacionalidade francesa, está pedindo mais de 1 bilhão de dólares em indenização por “danos profundos” às suas finanças e reputação. A queixa foi apresentada ao promotor público no Tribunal de Cassação no Líbano, onde passou parte da infância e reside desde sua fuga ‘cinematográfica’ do Japão em 2019.
Aos 69 anos, Ghosn é uma lenda do setor automotivo, tendo idealizado a aliança entre a Nissan, a francesa Renault e a Mitsubishi. Nos autos do processo, o brasileiro diz que “as acusações sérias e delicadas” contra si “permanecerão na mente das pessoas por anos” e que, por isso, “sofrerá com elas pelo resto de sua vida, pois elas têm impactos persistentes e prolongados, mesmo que baseadas em meras suspeitas”.
Na ação judicial, o ex-executivo reivindica 588 milhões de dólares em indenizações por perdas e danos, bem como 500 milhões de dólares em medidas punitivas. O processo também mira funcionários e diretores da montadora japonesa responsáveis por instigar a destituição do ex-CEO da aliança. A favor de Ghosn também conta que um grupo de trabalho da Organização das Nações Unidas, a ONU, declarou em 2020 que a prisão do empresário foi “arbitrária” e “fundamentalmente injusta”. A entidade ainda solicitou que o ex-chefe da Renault e da Nissan fosse indenizado pelo governo japonês.
Segundo a agência de notícias Bloomberg, o promotor público do Líbano marcou uma audiência para setembro. Ghosn, por sua vez, enfrenta acusações criminais no Japão pelo que os promotores descrevem como uma conspiração para não reportar sua remuneração, bem como uma ação civil movida pela Nissan em um tribunal em Yokohama em que busca indenização monetária.