O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, reagiu às críticas de seu vice, general Hamilton Mourão, contra o 13º salário, reveladas por VEJA nesta quinta-feira 27. Na última terça-feira, 25, em uma palestra na Câmara de Dirigentes Lojistas de Uruguaiana (RS), Mourão classificou o direito como “jabuticaba” – isto é, que só ocorre no Brasil – e afirmou que “se a gente arrecada doze, como é que nós pagamos treze?”.
No início desta tarde, por meio de sua conta no Twitter e seu perfil no Facebook, Bolsonaro disse que o 13º salário “está previsto no art. 7º da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição”. Sem citar diretamente seu companheiro de chapa, o presidenciável afirmou que criticar o direito “além de uma ofensa à [sic] quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”.
Esta foi a segunda vez que o candidato do PSL foi às redes sociais para tratar de uma declaração de assessores seus sobre economia. Ele já havia feito isso na semana passada, após o jornal Folha de S. Paulo publicar que o economista Paulo Guedes, escolhido de Jair Bolsonaro para comandar a Economia em um governo seu, disse em uma reunião reservada com investidores que pretende criar um imposto aos moldes da CPMF, o imposto sobre transações financeiras.
No caso de Guedes, contudo, o tom foi bem mais brando do que com Hamilton Mourão. No mesmo dia em que a notícia foi publicada pelo jornal, Bolsonaro escreveu que a informação “não procede” e a classificou como “mal intencionada”. “Ninguém aguenta mais impostos, temos consciência disso”, tuitou.
Dois dias depois, voltou a rebater: “votei pela revogação da CPMF na Câmara dos Deputados e nunca cogitei sua volta. Nossa equipe econômica sempre descartou qualquer aumento de impostos”.
Jair Bolsonaro não comentou a crítica de Mourão em relação ao pagamento do adicional de férias aos trabalhadores, igualmente tachado como “jabuticaba” pelo general reformado do Exército. “É complicado, e é o único lugar em que a pessoa entra em férias e ganha mais, é aqui no Brasil. São coisas nossas, a legislação que está aí, é sempre aquela visão dita social, mas com o chapéu dos outros, não é com o chapéu do governo”, disse Hamilton Mourão em Uruguaiana.
Em sua explanação, o vice de Bolsonaro disse que, em um governo do deputado federal, seria feito um ajuste fiscal com “disciplina fiscal”.
“Terá que ser produzido um ajuste fiscal, se não for produzido um ajuste fiscal o governo vai fechar. Isso vai importar em sacrifício de toda ordem, quem está dizendo que vai ser anos maravilhosos logo no começo está mentindo escandalosamente para a população”, afirmou ele, que propôs “enxugamento do Estado”, “liberalização financeira”, “desregulamentação”, abertura comercial e revisão progressiva de desonerações.
Mourão ainda comparou os brasileiros à cigarra da fábula A Cigarra e a Formiga ao falar sobre juros e por que, na sua visão, “o capital custa caro” no Brasil. “Nós somos um país de poupança baixa, o brasileiro poupa pouco, nós somos muito mais cigarras do que formigas, infelizmente”, lamentou.