O Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) começou a fazer testes de reconhecimento facial nas plataformas de apostas online associadas. Essa tecnologia será praticamente idêntica à utilizada pelos bancos, que verifica automaticamente a autenticidade do usuário. Caso o cliente apresente qualquer problema ou inconsistência nos cadastros junto às plataformas, ele será imediatamente bloqueado e ficará sem acesso às apostas.
Ainda de acordo com a IBJR, as informações que já constam nos sistemas do governo e também nas instituições bancárias serão utilizadas junto com a autenticação biométrica do usuário para mapear possíveis condutas não permitidas. O Instituto também divulgou que vai adotar ferramentas de inteligência artificial para bloquear tentativas de acesso por crianças e adolescentes, que é considerado proibido a partir da Lei 14.790/2023, que regulamentou as bets no país.
Denúncias sobre publicidade ilegal, levando crianças para sites de apostas surgiram nos últimos dias e o assunto foi abordado pelo presidente Lula, em entrevista a uma rádio da Bahia na semana passada. Lula disse que se a regulamentação não trouxer resultados, ele poderia proibir as apostas online no país. ”Se a regulação der conta, está resolvido o problema. Se não der conta, eu acabo. Fique bem claro. Você não tem controle do povo mais humilde, de criança com celular na mão fazendo aposta. Nós não queremos isso”, disse em entrevista à rádio Metrópole da Bahia.
“Qualquer medida que sirva para combater fraudes e proteger menores de idade é válida. Vamos apoiar e cumprir com o máximo rigor possível essas determinações. Nossa plataforma, já há algum tempo, tem identificado usuários com acessos simultâneos em torno de gastos excessivos com apostas, e temos um setor voltado exclusivamente para a criação de campanhas que girem em torno do jogo responsável”, afirma Vinicius Nogueira, CEO da BETesporte.
A nova lista de bets autorizadas a operar pelo Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria de Prêmios e Apostas, traz 100 empresas liberadas a operar 219 marcas até janeiro. Dessas marcas 26 bets têm autorização do governo federal para operar somente em nível estadual, divididas pelas seguintes regiões: Rio de Janeiro (8), Paraíba (8), Paraná (5), Maranhão (4) e Minas Gerais (1).
Para executivos à frente de marcas que estão autorizadas, a regulamentação aumenta a transparência do setor de apostas e ajuda a posicionar o Brasil no mercado global de bets. “Ao aderir ao grupo de países que já regulamentaram o mercado de apostas, o país se posiciona de forma estratégica no cenário global. Essa mudança representa uma oportunidade de impulsionar a economia, com a previsão de arrecadação de tributos que poderão ser revertidos em investimentos sociais, além de aumentar a transparência no setor”, diz Talita Lacerda, CEO da Bet7k.
Cristiano Maschio, especialista em pagamentos e CEO da fintech Qesh, a regulamentação das apostas esportivas no Brasil traz novos desafios e oportunidades, especialmente no que se refere às transações financeiras entre as casas de apostas e os apostadores. “Com a regulamentação, as instituições poderão oferecer serviços como a intermediação de pagamentos, identificação de transações suspeitas, gestão de carteiras digitais e até mesmo o uso de tecnologias como blockchain para aumentar a transparência”, diz Maschio.