As altas consecutivas no preço dos combustíveis e o clima acirrado entre o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, com os caminhoneiros autônomos aumentam as chances da paralisação, agendada para segunda-feira, 1 de novembro. As falas do ministro na tarde de quarta-feira, 27, de que a categoria precisa se reinventar e procurar empregos em empresas de transporte, em vez de continuarem como autônomos, repercutiu mal com os motoristas. O ministro também disse que os caminhoneiros precisam se organizar para “sobreviver”, sugerindo repasse dos reajustes do diesel para o frete. “O ministro estabeleceu um clima de confronto com os caminhoneiros autônomos, inclusive, alguns se sentem traídos pelo governo”, diz o deputado federal Nereu Crispim (PSL-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas. O momento é de definição. A VEJA, Wallace Landim, o Chorão, um dos líderes da greve de 2018, disse que os caminhoneiros estão mobilizados para a paralisação. Chorão é presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores, a Abrava.
“Os caminhoneiros estão mobilizados, muito mais que em 2018”, reforçou Crispim. O clima de tensão e a falta de diálogo entre a categoria e o governo prejudica o cenário. Segundo o deputado, as duas reuniões que estavam marcadas para acontecer entre o governo e as lideranças na tarde desta quinta-feira, 28, foram canceladas e não houve nenhum contato ou explicação da parte do governo até o momento. A mobilização comandada pela Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) vem convocando motoristas a aderirem ao movimento pelo WhatsApp. Em vídeo que circula entre a categoria, o ministro afirma que a chance como a greve de 2018 é zero. Na época, segundo o ministro, houve adesão de empresas de transporte e que “essa turma está fora agora”.
Em 2018 quando houve paralisação dos caminhoneiros, durante o governo de Michel Temer, o presidente Jair Bolsonaro, na época candidato à presidência, gravou um vídeo de apoio à paralisação e simpatizou com a causa dos caminhoneiros. Porém, a categoria reclama que, em dois anos e meio de governo, nenhuma de suas reivindicações foi atendida.
Os caminhoneiros pedem mudanças na política de preços da Petrobras em decorrência das consecutivas altas no preço dos combustíveis. O diesel acumula alta de 65,3% no ano. Na segunda-feira, 25, a Petrobras realizou um novo ajuste nos preços, de 7% na gasolina e de 9% no diesel.