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Associação de shoppings sobe o tom contra as medidas de restrição em SP

Com receio de prorrogação da fase vermelha em São Paulo, entidade afirma que shoppings são ambientes seguros e que medida pode levar a mais desemprego

Por Felipe Mendes Atualizado em 6 abr 2021, 14h28 - Publicado em 6 abr 2021, 09h53
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  • Em vigor desde 15 de março, a fase emergencial, a mais restritiva no estado de São Paulo, tem deixado empresários atônitos. Embora o número de casos e mortes por Covid-19 na região ainda requeira cuidados, as restrições para o funcionamento do comércio trazem consequências aos negócios. Sem medidas efetivas de apoio a funcionários e empreendedores, a Associação Brasileira de Shopping Centers, a Abrasce, decidiu subir o tom contra o governo de São Paulo, que avalia a possibilidade de extensão da fase vermelha no estado até o dia 26 de abril. A entidade acusa o estado de agir de forma seletiva, aponta dificuldades no diálogo com o governador João Doria (PSDB) e afirma que os shopping centers são ambientes seguros. Hoje, apenas 264 dos 601 complexos comerciais estão em funcionamento pelo país.

    “O governo de São Paulo agiu seletivamente, escolhendo quem pode abrir e quem tem de fechar de maneira discricionária e sem critérios claros, do ponto de vista técnico”, diz o presidente da Abrasce, Glauco Humai. “Em fevereiro, nós propusemos ao governo que fechasse tudo por 10 ou 15 dias. Fechasse indústria, comércio, igrejas, construção civil, hotéis, e que se fizesse uma fiscalização rígida, com vigilância. Mas não foi o que aconteceu. Temos um ‘pseudo lockdown’, que nós chamamos de fechamento seletivo, com 50% das atividades funcionando. Se mantiver desta forma, pode durar três anos que a situação não vai melhorar.”

    Humai reclama da falta de diálogo com o governo de São Paulo, estado que concentra a maior parte dos shoppings pelo país. Na segunda-feira 5, o coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 no estado paulista, João Gabbardo, acenou com a possibilidade de extensão da fase vermelha, o que estenderia por mais algumas semanas o fechamento de atividades não-essenciais. “A gente gostaria, e é o que nós estamos pleiteando junto ao governo, que o estado regredisse à fase laranja agora para o comércio voltar a abrir, nem que seja por seis horas por dia ou quatro vezes por semana. Não dá mais para esperar até o dia 26. Estamos tentando conversar, mandando e-mail, materiais, para ver se nos atendem”, diz ele.

    Para o presidente da associação, os shoppings são ambientes controlados e de difícil proliferação do vírus e que, portanto, não há evidências concretas de que o fechamento dos estabelecimentos contribua para a diminuição do número de casos da enfermidade.  “O nosso ponto é que em outros estados, onde já houve a reabertura dos shoppings, o nível de contágio, o número de casos e a ocupação nas UTIs caíram”, afirma. “Nós medimos a temperatura de todas as pessoas que entram, fiscalizamos o uso de máscaras, disponibilizamos o álcool em gel, indicamos o distanciamento social, controlamos filas e evitamos aglomerações. Nossos funcionários são testados e treinados a cumprir todo o protocolo designado pelo poder público. Acreditamos que os shoppings não são ambientes de contaminação, e sim, de ajuda ao controle do contágio.”

    Humai revela que a inadimplência no setor tem crescido. Os lojistas arcam com taxas de aluguel, de manutenção de condomínio e fundo de promoção. Segundo ele, neste momento não é possível repetir as medidas para fluxo de caixa colocadas em prática pelo setor em 2020. “Hoje, é difícil controlar o fechamento de lojas e a perda de empregos. A inadimplência está crescendo bastante. A gente não consegue mais manter as medidas de isenção das taxas e cobrança de aluguel que implementamos no ano passado. Os shoppings têm os seus deveres, os seus compromissos financeiros e tributários”, afirma ele. “No ano passado, nós estendemos as mãos para os lojistas e ao mesmo tempo cobramos o poder público por medidas mais efetivas para ajudar os empresários. Mas nós já estamos sofrendo há um ano. O setor recuou 32% no ano passado. O cenário é muito complexo. As empresas do setor têm compromissos que precisam ser cumpridos, com investidores e acionistas”.

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