Os alunos do Colégio Santa Cruz, tradicional instituição de ensino de São Paulo, estão divididos sobre a participação dos professores na greve geral de sexta-feira. Os docentes do colégio aderiram à paralisação em protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência, enviadas pelo presidente Michel Temer ao Congresso.
Um grupo de alunos divulgou carta aberta em que expressa “total apoio à paralisação dos professores na greve geral”. “[…] Mas também por reconhecermos que as reformas na previdência e trabalhista representam um ataque a parcelas vulneráveis da população ao pautarem-se na retirada e redução de direitos conquistados pelos trabalhadores ao longo de anos de intensa e admirável luta política”, afirmam eles no documento.
Na carta, eles esse grupo de alunos se diz orgulhoso por “observar o engajamento de nossos professores em uma luta que diz respeito não somente a eles, mas a todos os trabalhadores e trabalhadoras que serão amplamente prejudicados com as reformas da previdência e trabalhista”.
“Defendemos que nossas professoras e professores possam se manifestar e exercer livremente a docência, sem que se crie um clima de tensão e, como consequência, se prejudique nosso aprendizado”, afirmam.
Na carta, eles admitem que esse posicionamento “não reflete o posicionamento de todos os alunos e alunas da escola”.
Uma outra carta, publicada por outro grupo de alunos, rebate o manifesto divulgado pelos professores do estabelecimento. Esse grupo diz respeitar os professores e reconhecer o direito deles à greve e à livre manifestação de ideias. Mas rebate o posicionamento dos professores sobre as reformas da Previdência e trabalhista.
“A posição defendida pelos professores falha em apresentar embasamento técnico e econômico. […] Defender políticas públicas pautadas em ideais de ‘justiça’ e ‘defesa dos mais pobres’ é meio caminho andado para a irresponsabilidade fiscal. Essa irresponsabilidade fiscal, muito presente nos governos da ex-presidente Dilma, gera inflação, que pune majoritariamente os menos favorecidos”, diz carta do outro grupo de alunos do Santa Cruz.
Em carta, os professores do Santa Cruz dizem que “as medidas propostas nos âmbitos do trabalho e da seguridade social irão acentuar sistemas já excludentes”. “Somente um projeto que torne a previdência social e a legislação trabalhista mais inclusivas e justas, que abrace aqueles que hoje se encontram sem qualquer proteção do Estado, poderá contar com apoio de quem quer diminuir a desigualdade no país”, disseram os docentes.
Em nota, o colégio informa que não apoia a decisão de greve dos professores, mas respeita o direito constitucional de greve da categoria. “Programaremos a reposição das atividades previstas para esse dia, em que as aulas serão suspensas.”