Os clubes argentinos votaram contra a implementação da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) no estatuto de futebol do país em Assembleia realizada na AFA nesta semana. A votação foi unânime: 45 votos a 0, com ausência de apenas uma equipe, o Talleres.
Esse movimento se deu quando o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, afirmou durante debate público que os times argentinos deveriam adotar os modelos de SAF que deram certo em outros países, principalmente europeus, para conter a crise financeira que assola a maioria dessas agremiações. Imediatamente, e guiados pelas potências mais tradicionais do país, casos de Boca Juniors, River Plate, Independiente e Racing, começou um movimento ‘orquestrado’ contrário ao pensamento do novo mandatário argentino. “As SAF’s não têm existência jurídica. É algo que alguns vêem como superior ao que nós temos. Se não tivéssemos os clubes cumprindo a função que cumprem, não seríamos os que somos, somos defensores das Associações Civis sem fins lucrativos e procuramos fixar uma posição institucional, como vocês manifestaram publicamente”, declarou Claudio Tapia, presidente da Associação do Futebol Argentino.
Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo e sócio do Carlezzo Advogados, entende que a opção dos clubes argentinos em vetar a criação das sociedades anônimas “é completamente equivocada”. Ele explica:”Sobretudo quando analisamos o contexto vivido por lá de hiperinflação, dólar nas alturas, falta de recursos para investimento, empobrecimento contínuo da população, entre outros fatores negativos que também impactam no futebol e tornam quase que impossível colocar em prática um crescimento orgânico e sustentável das receitas, sem depender de capital externo”.
Nos últimos dias, o ex-presidente Maurício Macri, que também comandou o Boca Juniors, apelou para que os clubes adotassem o modelo que já está em vigência no Brasil, por exemplo. “Para clubes que estão nestas condições não há alternativa: é SAF ou continuar a ser um mero gestor do aumento do endividamento”, diz Carlezzo, que fez parte do projeto de SAF de clubes tradicionais do Chile e também do Brasil.