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A esperança do Twitter voltar às origens com Elon Musk

Ideias defendidas pelo bilionário podem ajudar a rede a driblar o cerco regulatório que está se montando na Europa, nos EUA e mesmo no Brasil

Por Carlos Valim, Luana Zanobia Atualizado em 30 abr 2022, 01h08 - Publicado em 29 abr 2022, 08h55
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  • Regras de cobrança de mensalidade no Twitter têm provocado confusão entre os usuários -
    UMA NOVA ERA A rede do passarinho azul sob novo comando - (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

    A compra do Twitter por Elon Musk aconteceu de forma rápida e inesperada. Em questão de semanas, Musk passou de maior acionista individual da rede para proprietário. Agora, muito se tem especulado sobre o futuro da empresa. Até que ela pode adotar uma postura sem censura que vai causar problemas com as leis de certos países e regiões. Mas, pelas sinalizações do bilionário, também é bem possível que a rede consiga contornar o cerco regulatório às big techs que inflama o debate parlamentar nos últimos anos.

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    Uma forma de fazer isso seria fazer o Twitter voltar às suas origens. A última década representou um período de descaracterização da rede social do passarinho azul, que passou, ao longo do tempo, de uma rede intermediária, transportadora de mensagens, para um intermediário autor, que sugere e compartilha conteúdos, explica o engenheiro Demi Getschko, um dos pioneiros da internet no Brasil. “Se o Twitter voltasse à situação inicial, ficaria imune às tendências regulatórias. Isso colocaria a rede na mesma categoria das conversas telefônicas e dos correios, que não são regulados”, diz.

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    Uma espécie de volta às origens pode até trazer o cofundador da rede social, Jack Dorsey, de volta à gestão. Musk tem sido, nos últimos tempos, um severo crítico do comando atual da empresa e é amigo de Dorsey. Depois do anúncio de que companheiro empreendedor compraria o Twitter, Dorsey chamou ele de “a única solução em que confio”.

    Além disso, Musk prometeu tornar o algoritmo do Twitter um código aberto. Trata-se de algo que serviria para tornar a plataforma isenta e mais transparente nas “sugestões” de conteúdo típicas das redes sociais, que costumam priorizar e selecionar mensagens atraentes e viciantes para os usuários, como forma de fazê-los passar mais tempo navegando por seu sistema. Esse tipo de prática é bastante criticada por especialistas em tecnologia e em sociedade, por que estaria fazendo as pessoas se fecharem em bolhas, sem ter acesso ao contraditório e a levar eles a acreditarem que existe uma única visão correta de mundo.

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    O psicólogo social Jonathan Haidt chegou a escrever, em artigo na revista The Atlantic, que desde que o botão de retuíte foi criado em 2009 os Estados Unidos se fraturou em dois países. As duas tribos, a dos democratas e a dos republicanos, teriam desenvolvido visões completamente diferentes sobre a história, a economia e a própria realidade, ameaçando a coesão social, as instituições e até a democracia do país.

    Outra das ideias defendidas por Musk podem ajudar a diminuir esse poder corrosivo do Twitter. Por exemplo, ele promete oferecer contas verificadas para todos os usuários, não apenas às celebridades, e eliminar os bots (os robôs que simulam as interações humanas). E, nesse último ponto, grupos que têm comemorado a compra do Twitter por Musk podem acabar sendo prejudicados, como é o caso das fileiras bolsonaristas no Brasil. Nos dois dias seguintes ao anúncio de venda da rede, nos dias 26 e 27 de abril, o presidente Jair Bolsonaro ganhou “milagrosamente” mais de 115 mil seguidores no Twitter, quase todos de contas recém-abertas. Foi um movimento bastante fora do normal, e que se replicou em contas dos familiares do presidente e de seus apoiadores, como a da ex-ministra Damares Alves. O fenômeno foi interpretado por especialistas de mídia como um movimento de criação massiva de bots, para aproveitar o momento. Se Musk levar a frente esse plano, tal festa de criar seguidores artificiais que ficam replicando as mesmas mensagens vai acabar.

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    Os efeitos nocivos dos algoritmos viciantes, da facilidade de criação de bots e das fake news que trafegam pela internet de forma rápida e poderosa pelas redes sociais são o que têm feito os Estados Unidos, a Europa e também mais recentemente o Brasil a elaborarem propostas de regulação específicas para as big techs. Na última semana, o Parlamento Europeu finalizou as costuras com os estados-membros para o projeto Digital Services Act (DAS), como forma de combater as fake news nas redes, o qual pode entrar em vigência em 2024. Ele pode acabar sendo um modelo para a Lei das Fake News brasileira. Cabe saber se, antes disso, o Twitter nas mãos de Musk terá voltado às origens e nem precisará de um puxão de orelha regulatório.

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