Você está no elenco dos três filmes de maior bilheteria da história, Avatar 1 e 2 e Vingadores: Ultimato. Essas experiências lhe deram confiança para explorar projetos como a série Lioness e o musical Emilia Pérez? Pelo contrário. Sinto que nunca estou preparada para lidar com a exposição que esses projetos globais me trazem. É um pouco confuso manejar tudo isso.
Por quê? Sou uma mulher e uma artista muito simples. Trabalho e volto para casa. Quando estou trabalhando, além de abraçar com todo o meu coração o que faço, também estou pensando em listas de compras, o que farei no jantar e o que a minha família precisa (Zoe é mãe de três crianças entre 7 e 9 anos).
Como é lidar com as expectativas que acompanham o sucesso? Eu me cobro demais quando recai sobre mim a responsabilidade de ser a “número 1” do elenco, a voz que guia uma história. Mas isso também me encoraja a trabalhar com mais afinco. Não tenho medo de trabalho.
Suas personagens são do tipo “mulheres poderosas”, caso da Joe, de Lioness, e da Gamora, de Vingadores. Como avalia esses papéis? Não sou adepta do selo “mulheres fortes”. Para mim, interpreto figuras femininas com diferentes vivências, histórias e fraquezas. Sempre começo a pensar nas minhas personagens a partir de suas vulnerabilidades. Mas também valorizo o fato de que algumas delas têm habilidades extraordinárias. Todas essas oportunidades foram incríveis, e eu tentei aproveitá-las ao máximo.
Sendo parte porto-riquenha e dominicana, como enxerga sua presença enquanto latina em Hollywood? Fico feliz de ser uma inspiração para essa comunidade. Como artista, é incrível poder representar suas raízes e saber que as pessoas se orgulham de você. Tento, então, ser leal a elas.
Mas isso é algo que norteia as suas escolhas artísticas? Eu tomei uma decisão no início da minha carreira de que a melhor forma de servir à minha comunidade é seguindo o meu coração, e não traçando um caminho guiado exclusivamente pela justiça social e a representatividade.
Como assim? Atores são camaleões, temos o direito de ser o que quisermos. Não é uma obrigação guiar sua arte de acordo com a sua raça, gênero ou crença. Mas eu respeito e admiro meus colegas e mentores que seguiram por esse caminho. Eles são necessários, assim como a minha liberdade artística.
Publicado em VEJA de 1º de novembro de 2024, edição nº 2917