Vingadores: Ultimato ganha um tom de despedida duplo: além de encerrar um ciclo do universo cinematográfico Marvel, o longa é o último a contar com uma das famosas aparições rápidas (cameos, em inglês) de Stan Lee. Depois de sua morte, em novembro de 2018, aos 95 anos, os fãs puderam vê-lo em participações que ele já tinha gravado, como Homem-Aranha no Aranhaverso (2018), WiFi Ralph: Quebrando a Internet (2018) e Capitã Marvel (2019). Mas sua última aparição em um longa calhou de ser justamente em Vingadores, provavelmente o maior lançamento do cinema deste ano. Sem revelar muito para não dar spoilers, a despedida traz uma mensagem positiva do criador de Homem Aranha, Thor e Homem de Ferro.
Lee iniciou sua carreira no mundo dos quadrinhos em 1939, aos 17 anos, como assistente na Timely Comics, editora que deu origem à Marvel na década de 1960. Dois anos depois, já havia conquistado seu espaço na empresa e escrevia as próprias histórias, que englobavam gêneros como romance, aventura, ficção científica e suspense.
Frente à concorrência com a Liga da Justiça, da DC Comics, Lee ficou encarregado de criar uma equipe de personagens mais humanizados, que ficaram conhecidos como Os Vingadores. O escritor se juntou aos desenhistas Jack Kirby, Steve Ditko e Bill Everett para a criação de vários heróis consagrados para a editora: Quarteto Fantástico, Hulk, Thor, Homem de Ferro, Demolidor, Doutor Estranho e Homem-Aranha, além de outros como Pantera Negra, que surgiram posteriormente.
O produtor também ganhou o coração do público por seu engajamento com questões sociais, principalmente na coluna mensal que mantinha nos anos 1960, Stan’s Soapbox, na página de notícias Bullpen Bulletins, que aparecia nas revistas da Marvel. Temas como racismo, preconceito, combate às drogas e diversidade eram frequentes na publicação.
Com a adaptação de suas histórias para o cinema, Lee deu início a uma nova tradição: fazer pequenas aparições em todos os longas do universo (e até mesmo em um filme da concorrente DC Comics). Entre vendedor de hot dog, motorista de ônibus e bibliotecário, o produtor se tornou uma espécie de Wally da Marvel.
Ele garante, no entanto, que a ideia não foi sua. “Eles fizeram um filme do X-Men anos atrás e o diretor Bryan Singer disse: ‘Ei, Stan, você gostaria de ficar no fundo vendendo hot dogs?’ e eu pensei: ‘Por que não?’”, contou durante um painel na Wizard World Comic Con, em 2013, sobre sua primeira participação especial no cinema de um filme baseado nos quadrinhos da Marvel. “Eu não consigo enjoar (de fazer participações), é muito divertido.”
Relembre abaixo algumas das participações de Stan Lee no cinema:
X-Men: O Filme (2000)
Demolidor, o Homem Sem Medo (2003)
Homem-Aranha 3 (2007)
Homem de Ferro (2008)
O Incrível Hulk (2008)
Os Vingadores (2012)
O Espetacular Homem-Aranha (2012)
Vingadores: Era de Ultron (2015)
Capitão América: Guerra Civil (2016)
Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017)
Thor: Ragnarok (2017)
Vingadores: Guerra Infinita (2018)
“Ih, caramba! Isso é um filme da DC!”
O gosto de Stan Lee por suas aparições “discretas” nunca foi segredo. O produtor chegou a participar de filmes fora do universo de seus heróis, como Muppet Babies (1989) e O Diário da Princesa 2: Casamento Real (2004), mas uma aparição ganhou destaque pela ousadia: em Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas, filme animado da concorrente DC, Lee é retratado fazendo piada sobre as suas pequenas participações.