Vila Isabel faz belíssimo desfile, mas tem problemas na evolução
Escola seria candidata ao título se não tivesse apresentado tantos erros: chegou até a estourar o tempo
A Vila Isabel não quis saber de enredos críticos ou que exaltassem a herança africana neste segundo dia do Grupo Especial no Carnaval do Rio de Janeiro. Fez um desfile clássico e luxuoso, que remetia ao passado – do Brasil e das escolas de samba.
A Vila fez o que o mundo do samba chama de “enredo CEP”, quando a escola, em busca de patrocínios, homenageia uma cidade. A escolhida foi Petrópolis, na serra fluminense, marcada pela influência da família imperial. O desfile se concentrou na cidade, nos imperadores e na Princesa Isabel.
No Império da Vila não houve conflitos, e até índios, exterminados pelo colonizador, estavam felizes. A escravidão – que durou quase todo o período do Império – só foi citada no fim do desfile, que destacava o papel de Isabel na abolição. A irmã e a filha de Marielle Franco foram colocadas no carro alegórico e deram uma atualizada no enredo.
Até o samba parecia com os tempos pretéritos das escolas: exibia chavões como “águas cristalinas”, “noite imortal” e “raro esplendor”.
Apesar do compromisso com o passado, a Vila fez um belíssimo desfile, trouxe as melhores alegorias e fantasias vistas no sambódromo em 2019, e seria candidata ao título se não tivesse apresentado tantos problemas de evolução. Correu e chegou a estourar o tempo de desfile. Tratou bem a homenageada que, como diz o samba, emprestou seu nome ao bairro de Noel e à própria escola: a Vila é Isabel por conta da princesa.