O Festival de Toronto chega ao fim hoje com menos certezas que em anos anteriores – em 2016, por exemplo, La La Land – Cantando Estações, de Damien Chazelle, e Moonlight – Sob a Luz do Luar, de Barry Jenkins, saíram tão consagrados do Canadá, depois de passar por Veneza e Telluride, respectivamente, que sua trajetória no Oscar estava praticamente certa. Desta vez, as coisas estão mais nebulosas.
Uma das poucas unanimidades ainda é Call Me By Your Name, de Luca Guadagnino, que passou em Toronto depois de estrear em Sundance, em janeiro, e ser exibido em Berlim, em fevereiro – para lembrar, o Festival de Toronto é chamado de “festival dos festivais” e, apesar de ter algumas estreias mundiais, também exibe longas vindos de outros eventos do tipo. O filme tem grandes chances de emplacar seus atores, Armie Hammer e Timothée Chalamet, até porque a corrida na categoria masculina ainda está bem pouco disputada.
A Forma da Água, de Guillermo del Toro, exibido em Toronto depois de levar o Leão de Ouro em Veneza, também tem boas chances. Sally Hawkins, que interpreta a faxineira muda que se apaixona por um monstro, pode conseguir uma vaga na disputada categoria melhor atriz. Ainda é uma incógnita como os membros da Academia vão reagir ao fato de ser um filme de gênero, uma fantasia, que não costuma agradar muito. Mas, ao mesmo tempo, o longa parece ser o antídoto perfeito para os tempos bicudos em que vivemos.
Três Anúncios para um Crime, de Martin McDonagh, foi bem em Veneza e Toronto, mas talvez tenha mais força em categorias como roteiro original, atriz (Frances McDormand) e ator coadjuvante (Sam Rockwell).
Um dos poucos favoritos indiscutíveis a sair do festival é Gary Oldman. Em O Destino de uma Nação, de Joe Wright, ele faz o que a Academia ama: interpreta uma figura histórica (Winston Churchill) e está irreconhecível. Toronto foi fraco na categoria melhor ator, com Jake Gyllenhaal (por O Que Te Faz Mais Forte, de David Gordon Green), Donald Sutherland (por The Leisure Seeker, de Paolo Virzì) e Denzel Washington (por Roman J. Israel, Esq., de Dan Gilroy) como possíveis candidatos.
A categoria melhor atriz está bem mais concorrida, com Emma Stone (A Guerra dos Sexos), Margot Robbie (I, Tonya) e Jessica Chastain (Molly’s Game) na disputa, além de Helen Mirren (The Leisure Seeker) e Judi Dench (Victoria & Abdul), que oferecem atuações fabulosas, mas talvez sejam prejudicadas pela leveza de seus filmes. Outra incógnita é Jennifer Lawrence, que a Academia ama: a performance de mãe! na bilheteria e a natureza ame-ou-deixe do filme podem atrapalhar suas chances.
A verdade é que uma série de possíveis candidatos não passou pelo circuito de festivais, como The Post, de Steven Spielberg, e o novo longa de Paul Thomas Anderson. Vai ser preciso esperar mais um pouco para ter uma ideia melhor de como vai ser o Oscar.