Loving Pablo faz sua estreia numa posição ingrata: depois de Narcos e longas recentes como Escobar – Paraíso Perdido e Conexão Escobar, é difícil imaginar que exista algo mais a ser acrescentado. Claro que um bom motivo podia ser ver Javier Bardem na pele do chefe do Cartel de Medellín, mas nem isso funciona no filme do espanhol Fernando León de Aranoa. Não dá nem para comparar com a composição de Wagner Moura para o mesmo personagem.
Bardem estrela a produção ao lado da mulher, Penélope Cruz, que faz a jornalista Virginia Vallejo, amante do super traficante. Loving Pablo, exibido no Festival de Toronto, baseia-se na autobiografia escrita por Vallejo e conta a história sob seu ponto de vista, mostrando a cumplicidade de tanta gente que fechou os olhos para os crimes de Escobar, seduzida pelos luxos desmedidos que eles proprocionavam.
Mas a verdade é que Escobar é um personagem grande demais para ser visto apenas pelo olhar de outra pessoa. Mesmo com uma narração de Virginia, que, sabemos logo, vai colaborar com o departamento de combate às drogas (DEA) americano, Escobar sequestra o filme para si. Até porque Bardem é melhor ator que Cruz, ainda mais em um filme falado em inglês.
Este é outro problema: todo o mundo tem sotaque forte, imitando colombianos falando inglês. Toda a caracterização também é exagerada, com roupas coloridas, penteados volumosos e a barriga prostética de Bardem, que incomoda quando dá o ar de sua graça. Com tantas coisas em um tom acima, Loving Pablo tem um quê de telenovela.