Em julho, o senhor foi internado com um quadro de infecção generalizada. Teve medo de morrer? É natural ter medo do desconhecido. A verdade é que ninguém sabe o que acontece quando a gente morre. Não sou um homem de fé, apesar de gostar de estudar as religiões. Não sigo nenhuma. Dá trabalho demais.
O que, afinal, desencadeou a septicemia? Os médicos descobriram que estava relacionada à Covid prolongada que eu tive no ano passado. Ela deixou, aliás, várias sequelas. Desenvolvi polimialgia e estou com problemas de memória.
O que ficou do susto? Estou mais atento à saúde, seguindo dieta, praticando musculação quase todos os dias e fazendo sexo, que é essencial.
Sexo é um dos motores da juventude que diz perseguir? Com certeza. Eu e minha mulher (a atriz Marilene Saade) somos intensos e apaixonados. Brincamos com nossos desejos, realizamos fetiches e adoramos inventar personagens. Também leio muito sobre a filosofia oriental tântrica, para inovar. Relação aberta até me dá curiosidade, mas não quero. Me sinto emocionalmente imaturo para isso.
O senhor virou alvo nas redes depois de realizar uma harmonização facial considerada exagerada. Arrependeu-se? De forma alguma. Fiquei me achando mais bonito, minha autoestima foi lá em cima. Como ator, meu corpo é meu instrumento de trabalho, então preciso ser vaidoso e melhorar a imagem.
Está há mais de três anos sem trabalho na TV. Decidiu se aposentar? Não quero me aposentar. Sinto muita falta de atuar e tenho esperança de que novas oportunidades aparecerão. Não deixo de ler, estudar e me cuidar para estar pronto para os papéis que surgirem.
Sente que perdeu papéis por causa da idade? Já passei dos 90. Acho que podem pensar, sim, que não tenho mais condições para assumir determinadas funções. No fundo, quero acreditar que é apenas uma fase ruim. Espero não ter sido abandonado pela TV só porque estou velho. Ainda me sinto cheio de energia.
Publicado em VEJA de 10 de novembro de 2023, edição nº 2867