A BB DTVM, subsidiária do Banco do Brasil, abriu nesta segunda-feira, 12, um edital para seleção de filmes que receberão investimentos da empresa via Lei do Audiovisual. O formulário questiona se “serão exibidas cenas de nudez ou sexo explícito” na obra.
O documento também pergunta se o filme “tem cunho religioso ou político” ou se “faz referência a crimes, drogas, prostituição ou pedofilia”.
Em julho, durante a transição do Conselho Superior de Cinema para a Casa Civil, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não podia “admitir filmes como Bruna Surfistinha com dinheiro público”. E disse que a Ancine sofreria “filtros” por parte do governo.
“Nós não queremos nem censuraremos ninguém, mas não admitiremos que a Ancine faça peças ditas culturais que vão contra os interesses e nossa tradição judaico-cristã”, afirmou Bolsonaro na ocasião.
Pouco após a publicação do edital, o Sindicato dos Bancários de SP, Osasco e Região criticou o documento e acusou o governo de tentar “censurar” o cinema do país.
“É um absurdo o governo usar o Banco do Brasil para aplicar esta clara tentativa de censurar, através da força do dinheiro, o cinema brasileiro. Se um filme aborda uma temática relacionada a uma religião diferente da do presidente, não poderá ser realizado? Vários filmes brasileiros com cenas de nudez são premiados internacionalmente! O BB deveria zelar pela pluralidade de ideias e de temas. Vetar que empresas públicas financiem obras cinematográficas devido ao seu conteúdo é uma clara tentativa de censura”, disse João Fukunaga, secretário de assuntos jurídicos do órgão.
Diversidade
Em abril, Bolsonaro mandou retirar do ar uma campanha publicitária do Banco do Brasil marcado pela diversidade e juventude dos personagens. O diretor de comunicação e marketing da estatal, Delano Valentim, foi afastado do cargo.
Na época, procurado por VEJA, o Banco do Brasil afirmou que o presidente da instituição, Rubem Novaes, concordou com Bolsonaro sobre a necessidade de retirar do ar a peça publicitária.