Sambista Riachão, autor de ‘Cada Macaco no seu Galho’, morre aos 98 anos
O artista faleceu em casa, no bairro do Garcia, em Salvador; a causa não foi divulgada

Na juventude, o compositor baiano Clementino Rodrigues, o Riachão, leu nos jornais que “se o Rio não escreve, a Bahia não canta”. Indignado, o adolescente pegou lápis e papel e fez seu primeiro samba. Nunca mais parou. Autor de clássicos como Cada Macaco no seu Galho e Vá Morar com o Diabo, Riachão morreu aos 98 anos, na madrugada desta segunda-feira, 30, em casa, no bairro do Garcia, em Salvador, onde morou a vida toda. A causa não foi divulgada.
Nascido em 14 de novembro de 1921, Riachão começou a cantar aos 9 anos e compôs mais de 500 músicas. O reconhecimento nacional ocorreu durante o período da ditadura militar, quando Caetano Veloso e Gilberto Gil, que retornavam do exílio, buscaram uma nova composição. Cada Macaco no seu Galho surgiu como a escolha perfeita para aquele período.
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Em 2001, ele foi redescoberto quando Cássia Eller gravou Vá Morar com o Diabo no álbum Acústico MTV. Entre outros artistas que também já gravaram suas músicas estão Beth Carvalho, Gal Costa e Jackson do Pandeiro. O artista se manteve ativo até o fim da vida e planejava lançar, ainda este ano, o álbum Se Deus Quiser Eu Vou Chegar aos 100, só de faixas inéditas. O último trabalho gravado por ele foi Mundão de Ouro, em 2013.
Riachão contava que ganhou este apelido, dado a pessoas briguentas, porque não aceitava sofrer ou presenciar alguém sofrendo injustiças. Por muito tempo ele não aceitou o apelido porque dizia viver de alegria, música e amor.
O compositor também foi tema do documentário Samba Riachão, de 2001, dirigido por Jorge Alfredo. No cinema, interpretou ele próprio em A Grande Feira, de 1961, de Roberto Pires.
Uma das últimas aparições públicas ocorreu no Carnaval deste ano quando acompanhou o da sacada de casa o bloco Mudança do Garcia, que desfilou no circuito que leva o seu nome.