Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Rússia ganha retrato contundente com thriller exibido em Cannes

‘Nelyubov’, de Andrey Zvyagintsev, usa desaparecimento de um menino para mostrar degradação moral do país -- e do mundo

Por Mariane Morisawa, de Cannes
17 Maio 2017, 21h17
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Ninguém espera um filme para cima quando se trata do cinema russo – pelo menos do cinema russo que passa em festivais. Nelyubov (em inglês, Loveless, “sem amor”), de Andrey Zvyagintsev, não decepcionou nesse quesito. Ainda bem que também não decepcionou na qualidade, inaugurando a competição do Festival de Cannes com força, depois de uma abertura hors concours para lá de morna com o francês Les Fantômes D’Ismaël, de Arnaud Desplechin. O filme até arrancou uma boa dose de aplausos na normalmente comedida sessão de imprensa da noite.

    Nelyubov é um drama disfarçado de thriller policial. Boris (Alexei Rozin) e Zhenya (Maryana Spivak) estão no meio de um processo de divórcio, embora ainda vivam no mesmo apartamento, que tentam vender. Nenhum dos dois liga para o filho de 12 anos, Alyosha (Matvey Novikov) – uma das cenas mais impactantes é quando uma porta se fecha, em meio a uma briga particularmente virulenta dos pais, para revelar o rosto contorcido e banhado em lágrimas do tímido garoto. Um dia, Alyosha desaparece, quando Zhenya está ocupada com seu amante, Anton (Andris Keishs), rico e mais velho, e Boris com sua amante grávida, Masha (Marina Vasilyeva). Fosse um filme de Hollywood, Boris e Zhenya se uniriam na busca pelo menino. Mas Nelyubov, é bom lembrar, é russo. Aos poucos, os motivos dos ressentimentos entre os dois vão ficando mais claros.

    O drama familiar, porém, é no fundo outro disfarce para o retrato de um país. Zvyagintsev, afinal, é o diretor de Leviatã, que mostrava a corrupção dominante na Rússia por meio de uma história pequena, numa vila à beira do mar. Aqui, a disfunção da sociedade vai tomando o lugar da familiar quando um policial explica muito pragmaticamente que a melhor solução é recorrer a um grupo de voluntários que faz buscas de crianças arteiras – ele tem certeza de que Alyosha vai voltar e não quer “gastar” recursos com isso.

    Numa das sequências mais impressionantes, a procura vai a um prédio abandonado, aparentemente um hotel, agora caindo aos pedaços, um retrato de um país que esqueceu seu passado. Em outra, num restaurante onde Zhenya janta com o namorado rico, a cultura da imagem representada pelas selfies e a degradação moral ficam evidentes. Nelyubov fala da Rússia – numa cena, Zhenya chega a usar um agasalho com o nome do país estampado –, mas, em dados momentos, poderia mesmo estar falando do mundo de forma geral.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.