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Remake de ‘Convenção das Bruxas’ não vale uma ida ao cinema na pandemia

Refilmagem do clássico de 1990, agora com Anne Hathaway, não assusta ninguém

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 nov 2020, 17h40 - Publicado em 19 nov 2020, 16h50
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  • A tímida reabertura das salas de cinema tem aos poucos sentido o retorno do público ao popular lazer de ver um filme nas telas grandes. Entre escassas estreias, entra em cartaz nesta quinta-feira, 19, o remake do clássico infantil de 1990 Convenção das Bruxas, agora com Anne Hathaway no papel da malvadona protagonista, antes interpretada por Anjelica Huston. Apesar de se mostrar divertido para crianças, o filme passa longe da qualidade do original. Fica então a dúvida: ficar em casa e rever o clássico ou colocar uma máscara no rosto e entrar no cinema? Rever o clássico, acredite, será mais vantajoso.

    Uma pena. A refilmagem tinha tudo e mais um pouco para dar certo. Ela foi dirigida, escrita e produzida por Robert Zemeckis, de sucessos incontestáveis como De Volta Para o Futuro e Forest Gump. Ainda na produção, assinam os nomes de Jack Rapke, Alfonso Cuaron e Guillermo del Toro, um trio mais do que experiente em criar personagens para lá de assustadores. Só por esses nomes, o público já teria a garantia de ver a Grande Bruxa vivida por Anne Hathaway ainda mais assustadora que Anjelica, certo? Errado. Em 1990, a personagem tinha narigão, rugas e verrugas estranhas e uns pelos sinistros espalhados pelo corpo, além de uma corcunda assustadora. A nova versão não tem nada disso e ainda obrigou Anne a pedir desculpas publicamente por sua personagem ter três dedos na mão. Pessoas com a mesma deficiência física  ficaram ofendidas e preocupadas em sofrerem bullying ao serem associadas à bruxa. Para piorar, o sotaque forçado de Hathaway soa caricato e irritante.

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    A assustadora versão de Anjelica Huston para a Grande Bruxa em 1990 (//Divulgação)
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    A bruxa de Anne Hathaway não assusta tanto assim (//Divulgação)

    Inspirando no livro de Roald Dahl (mesmo autor de outras obras infantis como A Fantástica Fábrica de Chocolate, Matilda e James e o Pêssego Gigante), o filme muda o cenário britânico para ser ambientado em 1967, em uma cidadezinha no sul racista dos Estados Unidos. Na trama, um garoto negro (Jahzir Bruno) perde seus pais em um acidente de carro e passa a ser criado pela avó (Octavia Spencer), uma mulher que sabe tudo de bruxas. Quando uma delas começa a rondar a vizinhança, avó e netinho decidem fugir para um hotel de luxo (porque bruxas só gostam de atacar crianças pobres). A ironia é que elas também escolheram o lugar para realizar a sua convenção anual, em que botariam em prática o maléfico plano de transformar todas as crianças do mundo em ratos.

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    Bastante fiel ao filme original, o remake parece ter seguido até os mesmos enquadramentos de seu antecessor, o que dá a ele uma sensação de comida requentada sem, no entanto, avançar em novos cenários, efeitos especiais ou causar alguma surpresa do enredo. Para piorar, quando, finalmente, o garoto é transformado em ratinho pela Grande Bruxa, os efeitos especiais utilizados para animá-lo são tão infantilizados que parecem ter sido os mesmos usados em Alvin e os Esquilos. Faltou só a vozinha irritante e esganiçada.

    Há alguns momentos divertidos neste novo Convenção das Bruxas, como quando as crianças transformadas em ratinhos finalmente conseguem se vingar das bruxas durante um banquete. Mas, para o público adulto que esperava algum tipo de nostalgia, a decepção pode ser grande. Como filme infantil, o longa-metragem pode entreter. Uma pena que, talvez, a nova versão não as marque tanto quanto aquele de 1990 marcou toda uma geração.

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