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Reabertos há meses, museus europeus amargam baixa visitação

Com o turismo ainda limitado, instituições contam com apoio governamental para sobreviver enquanto venda de ingressos é baixa

Por Amanda Capuano Atualizado em 25 mar 2021, 22h25 - Publicado em 21 out 2020, 10h33

Em um passado não tão distante, as salas e corredores dos museus europeus eram diariamente tomadas por milhares de turistas entusiasmados em apreciar obras de artes famosas e artefatos históricos. Com a chegada do coronavírus ao velho continente, no início de 2020, a paisagem mudou e, mesmo meses depois da reabertura, em meados de maio, as instituições tem recebido apenas 1/3 dos visitantes que o mesmo período de um ano atrás — ainda menos do que era esperado com as limitações impostas pelo distanciamento social.

Em condições normais, o Rijksmuseum, o museu nacional holandês, em Amsterdã, costumava ter até 10.000 visitantes transitando por seus corredores todos os dias. Com as regras de distanciamento social, a capacidade foi reduzida para 2.500, mas, segundo o The New York Times, a nova média diária não passa dos 800. Situação similar vive o Hermitage Amsterdam: até o ano passado, a mostra de joias imperiais russas em exposição atraía 1.100 pessoas diariamente, número que caiu para cerca de 300, metade dos 600 ingressos disponibilizados. A situação é tão desanimadora que nem o cobiçado Louvre, o museu mais visitado do mundo, escapou da derrocada, passando de 15.000 visitantes diários no período pré-pandemia para cerca de 4.500 atualmente, 5.000 nos dias mais animados.

Além do receio da população de retomar o hábito, a queda na visitação tem origens também na redução do turismo, já que a queda das viagens internacionais e o aumento das restrições nas fronteiras impede que muitos dos visitantes cheguem até as instituições. A exemplo disso, o Museu Casa de Rembrandt, que guarda a arte e a memória do cultuado pintor Holandês — e cujos visitantes são 80% turistas estrangeiros — perdeu cerca de 3 milhões de dólares com a queda da visitação, o que representa mais da metade de seu orçamento total. “Financeiramente, é um desastre. Nós esperamos que em 2024 possamos retomar a visitação que tínhamos antes”, relatou o diretor Lidewij de Koekkoek, em entrevista ao NYT, traçando uma retomada lenta para a instituição.

Enquanto isso, a Casa de Rembrandt sobrevive com ajuda do governo local: do valor perdido, cerca de 1 milhão de dólares foram recuperados com programas do governo federal e auxílios da cidade de Amsterdã, que possibilitaram a retomada das atividades. Nesse sentido, as instituições que recebem financiamentos estatais levam vantagem sobre aquelas cujo sustento é majoritariamente proveniente da venda de ingressos, o que têm motivado países como Inglaterra, França, Holanda e Alemanha, a última com um histórico de subsídios generosos, a dispenderem esforços no socorro à arte. “Nós precisamos dos visitantes, mas eles não representam a maior parte do nosso orçamento”, explicou Yilmaz Dziewior, diretor do Museu Ludwig, na Alemanha, em entrevista ao NYT. Segundo ele, as instituições do país têm sorte já que, mesmo que os visitantes não retornem, poucas correm o risco de ter de baixar as portas.

  • Leia também: A última chance para salvar o turismo na Europa
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