Kendrick Lamar se tornou nesta segunda-feira (16) o primeiro rapper a ganhar o Prêmio Pulitzer da música, um feito alcançado por sua habilidade de relatar o cotidiano afro-americano. Com a honraria, o jovem de 30 anos da comunidade de Compton, em Los Angeles, se soma à lista de compositores americanos célebres como Aaron Copland, Charles Ives e John Adams.
A junta que concede o prêmio, que também celebra a literatura e a imprensa, elegeu Lamar pelo seu disco DAMN. No anúncio, o álbum foi descrito como “uma coleção de canções virtuosas, unidas por sua autenticidade vernácula e seu dinamismo rítmico, que oferece vinhetas que capturam a complexidade da vida afro-americana moderna”.
DAMN. foi um passo à frente no discurso racial que Lamar iniciou em seu álbum anterior, To Pimp a Butterfly, que por sua vez deu voz ao movimento Black Lives Matter.
O álbum começa com Lamar abordando indiretamente seu papel cultural, com um trecho de um talk show conservador no qual suas letras contra a violência policial são criticadas. Este trecho também aparece na canção XXX., uma reflexão sobre os Estados Unidos, presente na obra do U2. Mas boa parte do álbum é pessoal e introspectiva, e nela explora as armadilhas da fama, como na canção HUMBLE., e apresenta o alter ego de Lamar, Kung Fu Kenny.
A junta do Pulitzer raramente premia a música de massa. No ano passado, o prêmio foi para o compositor experimental de ópera Du Yun. Algumas mudanças nos anos 1990 deram espaço para que o Pulitzer fosse mais inclusivo, contemplando artistas de jazz como Wynton Marsalis e Ornette Coleman, e de hip hop na categoria drama com o musical Hamilton, versão moderna de Lin-Manuel Miranda dos pais fundadores dos Estados Unidos, contemplada em 2016.
Apesar dos grandes elogios a Lamar, o artista ainda não ganhou o prêmio mais prestigioso da indústria da música, o Grammy para Álbum do Ano.