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Raphael Montes a VEJA: ‘Algumas pessoas ainda viram a cara para novelas’

Como o autor se converteu em um talento inescapável do streaming — e, enfim, realizará o sonho de escrever um folhetim com Beleza Fatal, da HBO Max

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 out 2023, 18h49 - Publicado em 20 out 2023, 06h00

Por volta de 2015, quando já despontava como escritor de livros cultuados mas ainda era só um roteirista promissor, o carioca Raphael Montes teve um flerte com a poderosa Globo. Aos 20 e poucos anos, ele revelou à então chefe de talentos da emissora, Monica Albuquerque, seu sonho de escrever novelas. “Ela se surpreendeu: ‘Novelas? Mas você é jovem’”, relembra o autor (leia abaixo). Ficava subentendido, enfim, que o rapaz era inexperiente para dar conta da tarefa de manter um folhetim por meses no ar. Mas a reação dela também refletia algo óbvio: as novas gerações de roteiristas queriam mesmo é fazer séries. Montes mostrava-se uma exceção à regra, embora mais adiante viesse a confirmá-la: após a passagem breve como roteirista-assistente na Globo, vem fazendo sucesso com a série Bom Dia, Verônica, da Netflix, e cocriou a trilogia de longas sobre Suzane von Richthofen do Amazon Prime Video (cuja parte final estreia no próximo dia 27).

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Hoje, aos 33, Montes já vendeu quase 200 000 cópias de seus romances criminais e tornou-se um talento inescapável do streaming. Além da Net­flix e da Amazon, o Globoplay está adaptando um de seus livros, Dias Perfeitos. Mas as maiores expectativas recaem sobre outro projeto: Beleza Fatal, a primeira novela ao estilo nacional produzida pela HBO Max, ambientada no mundo das cirurgias plásticas e clínicas de estética. Na criação da história com estreia em 2024 se deu, ironicamente, o reencontro de Montes com Monica Albuquerque — agora convertida em supervisora das produções do Brasil e América Latina do gigante do entretenimento. “Buscávamos uma trama capaz de agradar a uma audiência ampla, mas com reviravoltas e ritmo de série”, resume ela. Amante tanto dos melodramas quantos dos thrillers do streaming, Montes foi opção natural. “Ele é uma usina de ideias e muito conectado com o público”, diz a executiva.

MELODRAMA - Cena de Beleza Fatal: HBO teve de aprender como se faz novela
MELODRAMA - Cena de Beleza Fatal: HBO teve de aprender como se faz novela (Fabio Braga/Pivô Audiovisual/.)

Montes exibe ainda uma característica que se revela valiosa para a empreitada da HBO: assim como os show­run­ners americanos, roteiristas que agregam funções de produtor-­executivo, ele acompanha de perto, sempre munido de curiosidade, cada detalhe prático da produção. Isso se mostra especialmente importante numa indústria que está em formação: streamings americanos como a HBO e sua rival Netflix procuram hoje desbravar, afinal, uma seara que a TV aberta domina há décadas.

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Beleza Fatal começou a ser concebida há dois anos, mas enfrentou percalços como a fusão da Warner, dona da HBO, com o Discovery, com as inevitáveis reavaliações de investimentos que esses movimentos corporativos implicam. Superada a burocracia, veio toda a logística da produção – a HBO teve de incutir no mercado independente nacional o know-how de gravar novelas, que é uma operação bem maior que a de uma série: Beleza Fatal terá quarenta capítulos. Um caminho facilitado pelo contato intenso de Montes com a diretora da novela, Maria de Médicis, e estrelas como Camila Pitanga, intérprete da vilã Lola, alpinista social que explora a obsessão contemporânea com a beleza (e transforma seu corpo no processo), além de se engalfinhar com as mulheres “do bem” da história, vividas por Camila Queiroz e Giovanna Antonelli. “É uma troca gostosa com o Rapha. Viramos irmãs siamesas”, diz Pitanga.

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Há duas semanas, VEJA teve acesso exclusivo ao set de gravação, localizado nos galpões de uma antiga fábrica em Osasco, na Grande São Paulo — e chamado carinhosamente pela equipe de “Projasco”, em alusão ao complexo de estúdios da Globo no Rio. A visita deixou claro que, mesmo virando autor de folhetim, Montes não abdicará de seu lado criminal. Camila Pitanga chegou ao estúdio gritando, como que possuída pelo instinto assassino de sua vilã, e protagonizou uma cena que terminava em tapas e sangue. “O Rapha é destemido, não teme o exagero ao expor o melhor e o pior do ser humano”, diz a atriz. Para quem tinha tanto desejo de escrever novela, ser intenso é o de menos.

“Não há plástica que melhore a moral”
O autor Raphael Montes fala sobre a criação da primeira novela da HBO.

EM ALTA - Montes no set de Beleza Fatal: fã das novelas desde criança
EM ALTA - Montes no set de Beleza Fatal: fã das novelas desde criança (@VictorPrataviera/.)

Você construiu sua fama com histórias criminais. O que o leva, agora, a fazer melodrama? Cresci vendo e amando novelas. Costumo dizer que a primeira forma de arte de que gostei na vida foi novela, antes de literatura, cinema ou séries. Quando criança, meus heróis eram os autores de folhetim. Gilberto Braga, Silvio de Abreu, Gloria Perez: eu ouvia esses nomes que pareciam distantes, e os admirava muito.

O que explica seu amor pelo gênero? É maravilhoso o alcance que a novela tem. Junto com a nossa música, é o entretenimento que fazemos por excelência no Brasil e exportamos para o mundo. Infelizmente, algumas pessoas ainda viram a cara, né? Reclamam que a novela é popular. Mas ser popular deveria é nos dar orgulho. Sempre fiz histórias para serem lidas ou vistas, não para ficar na gaveta.

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Pretende levar algo de seu DNA criminal a Beleza Fatal? Gosto das paixões à flor da pele, mas aprecio, sobretudo, novelas que flertam com o mistério, como Vale Tudo e A Próxima Vítima. Beleza Fatal é um melodrama, mas não faltará esse elemento de suspense.

Por que falar do mundo da beleza? Sou pouco vaidoso, mal passo um creme. Hoje, contudo, o corpo que mostramos nas redes sociais é muito importante. Nas ruas, vejo clínicas de estética para vários níveis sociais. Também é fascinante a diferença entre o que você mostra para o mundo e quem realmente é. Não há plástica ou harmonização que melhorem a moral.

Publicado em VEJA de 20 de outubro de 2023, edição nº 2864

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