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Quem são os rivais de Mauricio de Sousa na corrida por vaga na ABL

Uma intensa disputa nos bastidores se desenrola em busca dos votos para uma cadeira da Academia Brasileira de Letras

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 mar 2023, 18h54 - Publicado em 23 mar 2023, 08h00

Afeitos a rituais de pompa e circunstância, os imortais da Academia Brasileira de Letras alimentam a cada eleição uma intensa articulação de bastidores, em que os postulantes devem cumprir um processo de beija-mão imprescindível para a escolha. Jô Soares, que jamais conseguiu ser eleito para a casa de Machado de Assis, retratou esse ritual com fino humor no livro Assassinatos na Academia Brasileira de Letras. No momento, uma nova controvérsia mobiliza os chás e conversas entre os integrantes da ABL: a entrada de um autor que não faz literatura ao modo tradicional — o quadrinista Mauricio de Sousa — na disputa pelo fardão da academia.

O atual presidente da ABL, o jornalista Merval Pereira, percebeu que a ABL precisava se tornar mais popular e atrair a atenção dos mortais. Em vez de prestigiar só intelectuais respeitados mas sem projeção além do meio literário, ou premiar figurões manjados do poder como José Sarney, a instituição centenária deveria se abrir a artistas queridos do grande público. As últimas eleições foram para lá de badaladas e ajudaram a revitalizar os corredores do Petit Trianon com a escolha de um músico, Gilberto Gil, de um cineasta, Cacá Diegues, e de uma atriz, Fernanda Montenegro. Os discursos dos três, em defesa da valorização da língua portuguesa, repercutiram como nunca na imprensa.

Agora, a eleição do dia 27 de abril — na qual se disputa a cadeira 8, que foi de Cleonice Berardinelli — porá à prova um tabu diferente. O franco favorito é o criador dos gibis da Mônica, uma personagem adorada por milhões de brasileiros. Em uma simpática carta aos imortais, Mauricio defendeu sua candidatura, dizendo que seus personagens ajudaram a despertar o interesse pela literatura em várias gerações de brasileiros.

Nos bastidores, contudo, a concorrência de Mauricio de Sousa se move para minar seu favoritismo. Um dos concorrentes, o filólogo Ricardo Cavaliere, aposta em uma campanha discreta, em moldes mais tradicionais. Já o jornalista James Akel não hesitou em lançar mão de um argumento capcioso na tentativa de desqualificar o pai da Mônica.  Do alto de sua autoridade como autor do livro Marketing Hoteleiro com Experiências, Akel defendeu sua candidatura à ABL em vídeo no qual saca de um velho argumento: histórias em quadrinhos não seriam literatura. Com ares de político em campanha, ele promete no vídeo criar um projeto de Feira Itinerante de Livros “de verdade” — uma ironia nem um pouco sutil.

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