O pintor modernista Di Cavalcanti (1897-1976) representou como poucos o desejo de mostrar o Brasil em todos os seus contornos e cores para o mundo. Infelizmente, sua obra se tornou representativa do país sob um governo que prefere ignorar a diversidade brasileira e sua arte. Neste domingo, 8, a tela As Mulatas (1962), que ficava numa parede do terceiro andar do Palácio do Planalto, foi atacada por vândalos golpistas, com ao menos cinco facadas perfurando a imagem. Jones Bergamin, diretor da Bolsa de Arte, estima que a tela, se fosse à leilão, custaria entre 15 e 20 milhões de reais. Segundo o especialista, ela pode ser restaurada.
Ícone do movimento modernista da década de 1920, Di Cavalcanti teve, recentemente, uma obra avaliada em 20 milhões de reais – trata-se do painel Bumba Meu Boi, de 5 metros de comprimento e 1,90 de altura, exibido na SP-Arte 2019.
Antes da invasão, ao longo dos últimos quatro anos do governo de Jair Bolsonaro, outra obra de Di Cavalcanti foi danificada pelo descaso. A tapeçaria Músicos, encomendada por Oscar Niemeyer durante a construção de Brasília, desbotou após ser reposicionada em um local de forte incidência solar. Raridade do acervo de Di Cavalcanti, a obra havia sido avaliada em 5 milhões de reais.